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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Plataforma permite comparar uso do solo e infraestrutura de cidades


25/04/2017Notícias do Setor ANPTrilhos         
À medida que as cidades crescem e se tornam mais densas –a população urbana no mundo deve aumentar mais de 40% nos próximos 30 anos–, aumentam a diversidade de problemas e sua complexidade.

A busca para a solução desses problemas envolve estudiosos e pesquisadores, que procuram entender os fenômenos urbano-sociais, os mecanismos de crescimento das cidades, os efeitos colaterais oriundos desse processo, e a forma de contornar eventuais impasses e distorções.

Nesse contexto surge o urbanismo comparado, cujo objetivo é através da confrontação de informações e dados, desenvolver o entendimento do que é válido para todas as cidades, ou para determinada cidade, em determinadas situações.

Não é surpresa para ninguém que cada lugar tem características especificas e únicas sobre vários aspectos, mas o que chama a atenção é que diversos lugares espacialmente separados entre si podem ter características muito similares em varias situações.

O urbanismo comparado consiste, portanto, no estudo e sistematização de metodologias que possam avaliar as similaridades e diferenças entre cidades e processos urbanos, para que essas informações possam ser utilizadas como ferramenta para o auxilio na evolução do planejamento das cidades.

As cidades sofrem processos de urbanização bastante diferentes em várias partes do mundo, que operam para produzir uma grande variedade de formas de desenvolvimento espacial e social. Uma perspectiva comparativa é essencial para o entendimento desses processos, e para a assimilação dessas experiências em benefício da evolução dos conceitos de planejamento urbano.

A avaliação criteriosa dos diferentes indutores da rearticulação e reconfiguração espacial das áreas urbanas, das plataformas de competitividade econômica e estruturas de gestão, das novas formas de incentivo e parcerias público-privadas, entre tantos outros aspectos característicos da vida urbana, pode ser uma ferramenta importante para a reorganização do pensamento sobre a estruturação das cidades.

Contudo essa comparação se torna difícil, uma vez que as cidades não coletam as informações da mesma maneira, não as georreferenciam da mesma forma, e utilizam mapas com escalas diferentes. Não existem também modelos adequados para comparar de forma ponderada informações como renda, custo de vida, distribuição de água, matriz energética, mobilidade, etc.

Esse problema, entretanto, parece estar próximo de uma solução. Richard Saul Wurman, criador do TED, uniu-se com a Esri (Environmental Systems Research Institute), empresa que detém uma das mais poderosas plataformas de mapeamento georreferenciado e tecnologia para análise de dados, para desenvolver o Urban Observatory.

Com o Observatório Urbano, será possível cotejar dados das cidades em inúmeros aspectos, como demografia, uso do solo, infraestrutura e transportes, numa plataforma que procura prover o entendimento das questões através da comparação.

Com as informações georreferenciados em mapas de mesma escala, a cartografia comparada tornará possível compreender mecanismos de desenvolvimento, falhas, sucessos e oportunidades no planejamento urbano, estabelecendo uma linguagem comum para as cidades compartilharem e aprenderem umas com as outras.

Os benefícios do Observatório Urbano poderão ser usufruídos pelos governos e pela iniciativa privada. A análise comparativa das informações mapeadas será, dentre muitas outras possibilidades, importante para ajudar na estruturação e planejamento de novas comunidades, corrigir problemas existentes, atrair capital, e avaliar a expansão de negócios.

Enfim, uma grande ideia, que pode ser de extrema utilidade para a evolução do planejamento urbano.

Claudio Bernardes é engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP.


24/04/2017 – Folha de S.Paulo

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Desenvolvimento urbano e mobilidade sustentável

11 de outubro de 2016
publicado por Reinaldo Dias
  

© Depositphotos.com / jkraft5 O crescimento desordenado das cidades fez o número de transportes poluentes aumentar.

Os diferentes modos pelos quais o desenvolvimento urbano ocorreu ao longo do século XX, primeiramente nos países desenvolvidos, espalhando-se em seguida para outras regiões do planeta, trouxe consequências de grande impacto nas condições de mobilidade das pessoas.

A mais significativa foi a localização das pessoas em relação às suas necessidades de trabalho, educação, lazer e entretenimento. Na maior parte das grandes cidades a população de baixa renda ocupa regiões periféricas, onde o valor da terra permitiu a construção de moradia. Nessas áreas, a oferta de serviços públicos – escolas, postos de saúde e transporte coletivo – é precária, a isso se soma uma oferta limitada de oportunidades de trabalho.

Esse cenário provoca uma redução do acesso das pessoas aos equipamentos e serviços dos quais necessitam, sendo assim obrigadas a percorrer grandes distâncias diariamente, somente para chegar ao seu local de trabalho. Essas longas viagens provocam um aumento do custo do sistema de transporte público, implicando na cobrança de tarifas mais elevadas. Consequentemente, para as pessoas que dependem do transporte público essas condições significam um custo elevado de tempo e conforto. Esse problema é agravado devido à precariedade do sistema viário nas áreas periféricas e a baixa qualidade do transporte público.

Acrescente-se a esse quadro a falta de controle no uso e ocupação do solo nas áreas mais estruturadas das cidades, onde vivem as pessoas com renda mais elevada e que têm acesso ao automóvel. O resultado é a formação de áreas com grande quantidade de veículos que causam congestionamentos diários. Levando em consideração que a maioria dos veículos utiliza combustíveis fósseis, o que se vê é uma significativa emissão de gases de efeito estufa (GEE) que contribuem para o aquecimento global e que tornam as cidades uma prioridade no combate às mudanças climáticas.

Desse modo, a cidade compacta ficou restrita aos centros urbanos, enquanto as periferias cresciam desproporcionalmente, acarretando uma diminuição da qualidade na prestação de serviço de transporte público coletivo. Esta situação proporcionou o aumento da procura pelo automóvel, que se tornou o meio de transporte preponderante na cidade. Assim, a maioria das cidades passou a organizar o espaço urbano tendo como base a melhoria do fluxo do tráfego automobilístico.

O resultado é a intensificação de ruídos acima do nível tolerado, poluição do ar, alta incidência de doenças relacionadas com a contaminação, congestionamento crônico, perda de horas produtivas, estresse, desperdício de energia e dificuldade de deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida, de idosos e de pedestres, características dos centros urbanos na atualidade.

O maior desafio que a humanidade enfrenta atualmente é o combate às mudanças climáticas provocadas pelo aumento do aquecimento global. Os meios de transporte urbano utilizam em sua maioria combustíveis fósseis – óleo diesel, gasolina -, que são a principal fonte de emissão de gases que provocam o efeito estufa, gerando gases nocivos à saúde, como o monóxido de carbono (CO), o dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e material particulado que causam inúmeras doenças respiratórias, cardiovasculares, câncer do pulmão entre outras.

Segundo relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 27 último, cerca de 92% da população mundial vive em lugares onde os níveis de qualidade do ar excedem os limites fixados pela organização. O relatório destaca que, entre as principais fontes de poluição do ar, se encontram, entre outros, os modelos ineficazes de transporte, que emitem os principais poluentes que são as micropartículas de sulfato, de nitrato e fuligem liberados principalmente pelos combustíveis fósseis utilizados nos veículos, com destaque para o óleo diesel utilizado por caminhões e ônibus em todo país.

Somente no Estado de São Paulo morreram em 2011 mais de 15.000 pessoas por doenças relacionadas com a poluição do ar, o que representa o dobro do número de óbitos por acidentes de transito de acordo com estudo apresentado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade no segundo semestre de 2015. O mesmo estudo aponta que a má qualidade do ar atinge a todos indistintamente, diminuindo a expectativa de vida em 1,5 ano.

Não há dúvidas de que o modelo atual de mobilidade urbana baseado na utilização intensiva do veículo privado é insustentável. A alternativa que resta é as cidades adotarem uma política de mobilidade urbana sustentável com o objetivo de reduzir as emissões de poluentes, minimizar a pressão do automóvel na cidade, fortalecer a equidade social e favorecer os meios de deslocamento que mais respeitam o meio ambiente.

Nesse contexto o papel do cidadão é fundamental, pois a mudança de hábitos de mobilidade se baseia num conjunto de decisões individuais que todos tomam ao longo do dia. O uso mais racional e eficiente, por exemplo, exige uma alta conscientização e participação das pessoas, o que só ocorrerá se existirem alternativas de transporte reais mais sustentáveis, eficazes e confortáveis.


terça-feira, 23 de julho de 2013

Melhorar uso do solo é fundamental para aprimorar transportes, defende especialista.

01/07/2013
A melhoria do sistema de transportes no Rio e no Brasil requer investimentos, mas, além deles, pede também uma intervenção em outros fatores que influenciam a circulação nas grandes cidades, avaliou Raul de Bonis, professor de Engenharia de Transporte do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“O setor de transportes influencia e é influenciado pelo meio. Se realizar investimento sem controlar o que existe além do transporte, o uso do solo, as condições para que as pessoas dependam menos do automóvel, a especulação imobiliária, a gente pode fazer investimentos que produzam efeitos contrários ao que se pretende”, adverte Bonis sobre a iniciativa da presidenta Dilma Rousseff de criar um pacto nacional com governadores e prefeitos para aumentar os investimentos na mobilidade urbana.

Esse melhor aproveitamento do solo a que o especialista se refere poderia vir, por exemplo, de uma política de habitação que recupere bairros degradados, reduzindo a necessidade de se deslocar para as áreas centrais. “O que existe hoje é uma cidade que explodiu, uma região metropolitana que se espalhou, mas que tem quase 20 municípios se deslocando para o centro e não dá para imaginar que meia dúzia de corredores de ônibus vão resolver isso. Se mexer nos transportes sem mexer no resto, tende a se agravar [a situação].”

Os corredores expressos mencionados por Bonis são os BRTs, faixas exclusivas de ônibus articulados que já começaram a funcionar na capital e serão ampliadas até os Jogos Olímpicos de 2016. Ao abordar a especulação imobiliária, o professor questiona o adensamento de bairros que têm passado por um processo de verticalização, que leva mais pessoas a locais que não aumentam sua oferta de serviços como o transporte.

Também professor de engenharia de tráfego da Coppe, Paulo Cezar Ribeiro defende que a prioridade é a integração e o planejamento do transporte público. “É preciso reduzir a superposição de linhas de ônibus, colocando mais veículos para fazer as linhas novas. Na zona sul, no centro e na Avenida Brasil, por exemplo, há muitas linhas superpostas. Temos que racionalizar essas linhas”.

Para nivelar a qualidade do serviço em toda a cidade, o pesquisador sugere um sistema de compensação em que as linhas mais lucrativas financiem as menos rentáveis, permitindo uma qualidade igual em toda a região metropolitana. “Com o sistema eletrônico de cobrança isso é muito mais fácil agora. Esse investimento interfere na articulação diária. A gestão é fundamental.”

Ribeiro defende também a ampliação das barcas, com uma estação em São Gonçalo e maior qualidade na ligação entre o centro e a Ilha do Governador, na zona norte. Sobre os BRTs, o pesquisador pondera: “É uma solução boa para os níveis de demanda a que ele pode atender, mas será que a demanda a que ele está atendendo não seria melhor para um veículo leve sobre trilhos [VLT]? O metrô e o VLT atendem a demandas maiores que o BRT. É preciso considerar tudo isso e investir com planejamento, monitorando as concessionárias depois da obra.”

Fonte: Agência Brasil