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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Falhas disparam em linhas novas, e metrô de SP tem pane a cada 3 dias

27/10/2017 - Folha de São Paulo
Duas das três linhas mais novas e modernas do metrô paulista tiveram disparada de falhas neste ano e ajudaram a rede a atingir a maior marca de panes desta década.
Os problemas nas linhas 5-lilás (Capão Redondo-Brooklin), administrada pelo governo estadual, e 4-amarela (Butantã-Luz), a cargo da iniciativa privada, ocorrem às vésperas de elas receberem uma nova avalanche de passageiros devido à entrega de estações final do mandato de Geraldo Alckmin (PSDB).
Na linha 5, ocorreram entre janeiro e setembro deste ano 21 falhas graves, contra 3 em igual período de 2016, de acordo com informações obtidas pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
Esses dados são chamados internamente de "incidentes notáveis" e incluem apenas as panes que geram transtornos aos passageiros e que duram mais de cinco minutos.
A gestão Alckmin, que pretende conceder a operação da linha 5 à iniciativa privada, atribui a disparada de falhas à implantação de um sistema de modernização –que deveria melhorar os serviços.
Esse sistema, que controla a circulação dos trens, é batizado de CBTC e foi comprado em 2008 pelo governo do Estado. Deveria estar totalmente implantado desde 2010.
Em tese, a nova tecnologia deveria permitir acompanhar a posição dos trens com maior precisão, levando à redução do tempo de espera pelos passageiros do metrô.
Alckmin planeja entregar mais sete estações da linha 5 até 2018, elevando a quantidade de passageiros nos próximos anos da casa de 260 mil para mais de 800 mil por dia.
O tucano tentará disputar a Presidência da República pelo PSDB no ano que vem –para isso, trava embate dentro do partido com João Doria, prefeito de São Paulo.

NOVOS TRENS

Na linha 4, que é operada pela concessionária ViaQuatro, as panes significativas saltaram de 8, em 2016, para 15, em 2017 –sempre na comparação entre os primeiros nove meses de cada ano.
Neste caso, a empresa inclui os casos em que há interrupção do serviço por tempo acima de três intervalos entre trens (que costuma ser de até três minutos em dias úteis e pode passar de cinco minutos aos domingos e feriados).
A ViaQuatro culpa os testes com novos trens. A linha deve receber três novas estações entre dezembro deste ano e julho de 2018: Oscar Freire, Higienópolis-Mackenzie e São Paulo-Morumbi.

CONTAGEM

As linhas 4 e 5 foram inauguradas neste século (2010 e 2002, respectivamente), enquanto as mais antigas, 1-azul e 3-vermelha, foram entregues na década de 1970.
Além dessas falhas classificadas como "incidentes notáveis", existem outras de menor impacto, que afetam os usuários diariamente, mas que não entram nesses critério da contagem oficial.
Em 2017, as panes graves nas seis linhas da rede do metrô chegaram a 93 até setembro –praticamente uma a cada três dias. No ano anterior, foram 80 no mesmo período.
A quantidade de problemas nos primeiros nove meses deste ano é recorde pelo menos desde 2010 –período em que começa a série histórica fornecida pelo Metrô.
Naquele ano, por exemplo, houve 13 falhas do tipo, mas havia só quatro linhas em funcionamento integral –a 4 havia acabado de ser entregue, e a linha 15-prata, de monotrilho, foi aberta em 2014.

'ALTA TEMPORÁRIA'

O Metrô, ligado à gestão Geraldo Alckmin (PSDB), e a ViaQuatro, concessionária da linha 4-amarela, afirmam que a alta neste ano do número de falhas graves –chamadas internamente de "incidentes notáveis"– se deve à implantação de novos sistemas de controle de trens e de novos trens em suas linhas.
Por isso, alegam que esse fenômeno era esperado e que as falhas devem diminuir quando as novas estações forem entregues, atraindo maior demanda de passageiros.
"Quando a gente coloca o sistema novo, o número de falhas é um pouco maior até ele se estabilizar", afirma o diretor de operações do Metrô paulista, Milton Gioia.
Ele se refere à implantação do sistema eletrônico CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação) na linha 5-lilás, com a intenção de acompanhar a posição dos trens com maior precisão e reduzir os tempos de espera.
O Metrô está iniciando a troca do atual sistema de controle de trens nas linhas 1-azul e 3-vermelha, o que deve se prolongar respectivamente até 2020 e 2021.

MANUTENÇÃO

O pico das falhas na linha 5 ocorreu entre maio e julho.
O diretor do Metrô nega que a situação possa piorar diante do aumento do fluxo de passageiros com as novas estações que serão entregues.
Diz que, assim como em outras inaugurações, haverá uma etapa de testes com usuários –chamada de "operação assistida"– antes do funcionamento pleno da linha.
"Tudo isso é feito de maneira planejada pelo metrô de São Paulo para garantir segurança para os usuários."
Segundo Gioia, a maior parte da manutenção da linha 5 é feita pela própria estatal –com exceção de serviços como pintura. No entanto, quando ela for concedida à iniciativa privada, isso será responsabilidade da empresa que assumir a operação.
Enfrentando grave crise orçamentária, a estatal da gestão Alckmin teve no ano passado uma queda significativa de investimentos em operação e modernização.
O diretor do Metrô diz que a quantidade de falhas da rede tem padrão similar ao de outros metrôs do mundo, como Nova York e Londres, que são mais antigos e extensos.
"Os números de incidentes que temos hoje são compatíveis com os números dos maiores metrôs do mundo, todos aceitam até este valor, até um pouquinho mais do que isso."

NOVOS TRENS

Mauricio Dimitrov, diretor da ViaQuatro, diz que a alta do índice de falhas na linha 4-amarela se deve à introdução de novos trens no ramal.
Comprados em 2013, os trens estavam parados aguardando a abertura das estações da fase 2 da linha 4 (Oscar Freire e Higienópolis-Mackenzie, por exemplo).
Diante da perspectiva de inaugurar essas paradas no ano que vem, a concessionária diz que começou a colocar novos trens para rodar.
Segundo Dimitrov, nas primeiras viagens dos novos trens é normal constatar falhas. Essa nova remessa apresentou falhas principalmente no controle de abertura e fechamento de portas.
Dimitrov afirma que isso não resulta necessariamente em desconforto ao usuário, já que muitas das ocorrências são contornadas sem que passageiros percebam.
Segundo a concessionária, todos os problemas com os novos trens estão solucionados e não serão um entrave à operação quando as novas estações forem inauguradas.

'LÍDER'

Com a disparada das falhas de 2016 para cá, a linha 5-lilás se tornou a mais problemática proporcionalmente ao número de passageiros –e não só devido aos trens.
Em média, de janeiro a setembro, foram 8,4 panes graves a cada cem mil usuários. Em segundo lugar nesta conta está a linha 1-azul, a mais antiga do metrô, com 2,3 falhas por cem mil passageiros. Já a linha 4-amarela teve índice de 2,2 –muito acima da marca de 1,2 no ano anterior.
A linha 5 também teve outros problemas além das panes, mesmo após a entrega de três novas estações em setembro: Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin, que adicionaram 2,8 km.
Isso porque as inaugurações foram feitas sem que as obras de acabamento tivessem sido finalizadas.
Infiltrações, vazamentos, vidros estilhaçados e elevadores em manutenção ou quebrados foram falhas encontradas nas paradas.

EMERGÊNCIA

No trecho entre as estações Capão Redondo e Adolfo Pinheiro, houve falhas no sistema de controle uma semana depois de inaugurado, e a empresa teve de acionar um plano de emergência, que deu auxílio com 30 ônibus.
A linha apresentou também problemas nos sistemas de tração, pneus e sinalização e controle de portas, segundo um outro relatório obtido pela reportagem, que mostra a quantidade de vezes em que as equipes de manutenção foram acionadas para resolver problemas na rede metroviária.
Segundo esse relatório, as estações do sistema que mais apresentaram falhas desde 2012 são Sacomã (linha 2-verde), Santana (1-azul) e Luz (1-azul, 4-amarela e CPTM).


segunda-feira, 17 de abril de 2017

Metrô e CPTM têm um problema operacional a cada 23 horas em 2016

Dados levantados pela TV Globo mostram linhas 3-Vermelha do Metrô e 11-Coral da CPTM como líderes em ocorrências.




Por André Graça e Tahiane Stochero, TV Globo e G1 SP
17/04/2017 06h41  Atualizado há 50 minutos


Trem descarrila e para linha 12 da CPTM (Foto: Reprodução/TV Globo)

Os usuários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô de São Paulo enfrentaram um problema que levou à interrupção momentânea do serviço de transporte público a cada 23 horas e 34 minutos no ano de 2016, segundo levantamento realizado diariamente pela TV Globo com base em relatos divulgados pelos usuários em redes sociais e confirmados pelas empresas.


Relatório da CPTM mostra problemas diários em linhas em 2017; CPTM disse que foram apenas 13 ocorrências notáveis em 2016 (Foto: Reprodução/G1)

No total, foram 212 problemas que levaram à paralisação temporária no serviço nas seis linhas do Metrô em 2016 e mais 143 nos trens da CPTM, conforme dados da TV Globo. Os dados incluem problemas nos trens de diversos tipos, incluindo falhas nos trens (incluindo portas, tração, comunicação interna e freio), no sistema de comando e controle, de equipamento na via ou da via, manutenção e alimentação elétrica. No caso de fechamento de portas, pode eventualmente ter havido algum problema cuja responsabilidade seja do usuário (como bolsas presas ou impedimento de fechamento para que pessoas pudessem entrar no vagão).

Juntos, os trens de ambos os serviços transportam nos dias úteis 7,4 milhões de passageiros. Nos últimos 5 anos, foram 1.185 problemas nos trens do Metrô e mais 1.089 nos da CPTM: média de 1,25 problema por dia.

A reportagem do G1 pediu os mesmos números de ocorrências por meio da Lei de Acesso à Informação. No Metrô, houve 91 ocorrências que prejudicaram os usuários levando à suspensão momentânea do serviço em 2016; já na CPTM, foram 13 ocorrências que “levaram à interrupção do serviço, nem que seja momentânea". No total, conforme os dados oficiais, o Metrô e a CPTM tiveram juntas um problema a cada 118 horas (quase 5 dias).


Desembarque da linha Verde do Metrô na estação Consolação: em vários horários há superlotação e problemas em portas dos trens (Foto: Tahiane Stochero/G1)

A assessoria de imprensa da CPTM não quis analisar os dados do levantamento da Globo e o aumento do número de problemas. Em nota, afirmou que não é correto comparar as ocorrências notáveis de vulto com ocorrências pontuais. Questionada pela reportagem sobre se poderia enviar os dados das ocorrências pontuais, a CPTM disse que não possuía estas informações e que são as ocorrências notáveis, enviadas ao G1 por meio da Lei de Acesso à Informação.

Mas a reportagem teve acesso a relatórios de ocorrências operacionais que mostram que, em média, há cinco ocorrências de falhas por dia de diversos tipos, gerando atrasos e recolhimento de trens para oficina ou acionamento de técnicos de manutenção ou verificação de trilhos.

Questionado sobre os problemas e as reclamações dos usuários, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, afirmou no dia 30 de março ao G1 que "a demanda de usuários das linhas aumentou muito, muito, nos últimos anos e que o governo está trabalhando para aumentar a malha do Metrô - a da CPTM aumentou", jusficiou ele. Segundo Alckmin, "estão sendo feitos investimentos e obras em diversas linhas" , entre elas 17-Ouro, 4-Amarela, "e até o final de 2017 ao mesmo pelo menos mais quatro estações da Linha 5- Lilás, que já estão prontas, serão entregues à população".

Já o Metrô afirmou que todos os sistemas de metrô no mundo estão sujeitos a falhas e que a quantidade de incidentes é compatível aos padrões internacionais de qualidade. (veja as notas das empresas ao final desta reportagem).



(Foto: Arte G1)

Linha 3-Vermelha
Os dados do Metrô apontam que a linha 3- Vermelha (que liga Corinthians-Itaquera à Palmeiras-Barra Funda) é a que mais teve problemas que paralisaram o serviço dentre as linhas do Metrô em 2016: foram 32 ocorrências - aumento de 52% em relação a 2015. Nos últimos 5 anos, a linha também é a que mais acumula problemas. O levantamento da TV Globo também aponta a Vermelha na liderança do ranking de problemas em 2016 (75 casos dentre o total de 212 incidentes), sendo seguidas pelas linhas 1- Azul (73 problemas) e 2-Verde (55 problemas).

Com 18 estações e atendendo em média 1,176 milhão de passageiros por dia, a Linha 3- Vermelha também lidera, nas redes sociais, as reclamações dos usuários em relação à superlotação e lentidão dos vagões. Foi nesta linha que um trem descarrilou em fevereiro, entre as estações Arthur Alvim e Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, derrubando grades e uma mureta.

Após o incidente, o Ministério Público reabriu um inquérito que havia sido aberto em 2013, após outro trem da mesma linha ter saído dos trilhos na Zona Oeste de São Paulo. A Promotoria do Patrimônio Público e Social pediu explicações ao governo sobre os motivos das ocorrências e a manutenção da linha e da frota.


Trem descarrilou na Zona Leste de São Paulo em fevereiro (Foto: Reprodução/TV Globo)

Segundo Alex Santana, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Empresas Operadoras de Veículos sobre Trilhos em São Paulo, a linha Vermelha é problemática por ser a com maior demanda de usuários, sobrecarregando todo o sistema. “É também nesta linha que circulam trens da frota K, chamada de frota bomba. São 25 trens que foram reformados superficialmente entre 2009 e 2011 e são recordistas em problemas, com falhas que se repetem pelos mais diversos motivos. Foi como uma maquiagem que deixou mais bonita por fora, mas o equipamento continua com problemas”, afirma Santana.

O diretor do sindicato dos metroviários afirma a diferença entre os números oficiais e os relatos dos usuários de problemas ocorreu porque a CPTM contabiliza como ocorrência de destaque (chamada de “incidente notável") problemas que geram atrasos ou interrupções de mais de 5 minutos e que são analisadas pela Comissão Permanente de Segurança (Copese) da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado.

"Temos informações de que só de incidentes que geraram relatórios da Copese foram 76 no Metrô e 140 ocorrências no total. Eles apresentam à imprensa um número que trata apenas de trens ou vias, mas sem considerar outros tipos de falhas, como de equipamentos, portas, estações, etc”, afirma Santana.

Os números oficiais apontam aumento de ocorrências na Linha 2- Verde em relação a 2015 (21%, conforme os dados do Metrô, e 3%, conforme a TV Globo). Percorrendo toda a Avenida Paulista, na região Central da capital, e ligando a Vila Prudente, na Zona Sul, à Vila Madalena, na Zona Oeste, a linha atende em média, diariamente, 518 mil pessoas.


Trem da linha 9-Esmeralda tem problema em portas, que não fecham por superlotação na estação Pinheiros e atrasam percurso (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Falhas em trens
76% dos problemas registrados nos trens do Metrô em 2016 trataram-se de falhas em trens (englobando problemas de trens, portas, freios, tração e sistema de comunicação interna), com preponderância de incidentes nas linhas Azul (37,5% do total) e Vermelha (33,75%), conforme os dados da TV Globo.

Problemas em equipamentos da via estão logo atrás no ranking (16,5% dos incidentes), seguido das falhas no sistema de energia (2%). Houve ainda em 2016 um trem descarrilhado na linha 5-Lilás, que está em obras e pretende ligar Capão Redondo à estação Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro, ambas na Zona Sul.

Em relação aos incidentes constatados nos trens na CPTM em 2016, grande parte (44,75%) deve-se a falhas em trens, falhas em equipamentos na via (17,5%) e falhas no sistema elétrico (5%).

A Linha 11-Coral, que liga a Luz, no Centro da capital paulista, à estação Estudantes, em Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana, foi a que mais teve problemas (33% de incidentes nos trens), sendo seguida pela Linha 7-Rubi (30%), que liga Jundiaí à estação Luz, passando pela Grande São Paulo e por bairros da região Norte da capital paulista.


Metrô CPTM (Foto: Arte G1)

Para sindicato, é falta de manutenção
Para o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Central do Brasil, que representa os funcionários da Linha 11-Coral, Leonildo Bittencourt Canabrava, o fator que prepondera como causa de problemas na linha, recordista de reclamações, é a manutenção, tanto nos trens quanto nas vias férreas e aéreas. Conforme Canabrava, são feitos apenas reparos de emergência e paliativos, e não preventivos, o que impediriam as falhas.

“A CPTM vem trocando a frota, com exceção da linha 11, que ainda tem trens velhos sendo usados intercaladamente. Mas, muitas vezes se libera o trem com manutenção falha na parte eletrônica ou nas portas. Se a porta não fecha, atrasa tudo e o trem não anda, atrasando todo o sistema e causando um transtorno enorme”, defende.

Canabrava lembra que as vias férreas do Estado foram construídas há mais de 30 anos, voltadas para o transporte de cargas, “e não foram projetadas para o transporte de passageiros” e nem adaptadas. “No Metrô, os trens foram construídos com base fixa, nada mexe. Nos da CPTM, há pedra, madeira e depois os trilhos, que, com chuva ou mudança do tempo, eles cedem ou acabam se deteriorando, gerando em alguns pontos restrições e eventualmente, rompimentos. Aí o maquinista acaba reduzindo a velocidade nestes pontos para evitar danos maiores”, afirma.

Para que as pessoas não sejam tão prejudicadas e não cheguem tão atrasados aos compromissos pelos problemas nos trens, jovens se mobilizaram e criaram perfis nas redes sociais para informar, em tempo real, o que acontece. O administrador de condomínio e fotógrafo William Moreira, de 27 anos, controla um destes perfis, o @DiariodaCPTM, que tem mais de 135 mil seguidores.

“Temos vários colaboradores que utilizam várias linhas. Em janeiro, por exemplo, teve uma falha na linha 8 por conta de um apagão. Um usuário postou uma foto deles no escuro dentro do trem apagado, esperando. Soubemos na hora coisas que a CPTM leva depois uns 20 minutos para confirmar”, salienta.

O grupo que controla o perfil compreende homens e mulheres com idades entre 19 e 30 anos. “Foi uma ação voluntária, acabamos nos conhecendo por compartilharmos sempre o mesmo trem, ou a mesma linha, e resolvemos nos unir nesta causa para ajudar os outros”, explica.


Usuários monitoram problemas nas linhas da CPTM diariamente pelo Twitter (Foto: Twitter/reprodução)

Veja a íntegra da nota da CPTM:
A CPTM transporta cerca de 2,7 milhões de usuários por dia útil, em 2.750 viagens programadas diariamente nas seis linhas. Em 2016, foram registradas 13 ocorrências notáveis motivadas por falhas técnicas.
As ocorrências notáveis são caracterizadas pela interrupção da circulação dos trens em algum trecho da linha, podendo ter acionamento de PAESE (ônibus gratuitos).
Não é correto comparar as ocorrências notáveis, que causam grande impacto na circulação, com diversas ocorrências pontuais às quais a ferrovia está sujeita durante a operação. Como por exemplo, problemas de fechamento de portas comuns nos horários de pico, oscilação de energia, necessidade de redução de velocidade em trechos em manutenção ou devido às chuvas, entre outros. Todas as ocorrências são informadas aos usuários por meio de avisos sonoros e do aplicativo. A CPTM não comenta balanços de ocorrências da empresa realizados por terceiros.
A CPTM está trabalhando para modernizar sua rede. A Companhia já entregou à operação 115 novos trens e outros 55 serão entregues até o fim de 2018.”

Veja a íntegra da nota do Metrô:
“Todos os sistemas de metrô do mundo estão sujeitos a falhas e elas são proporcionais ao número de viagens realizadas. No Metrô de São Paulo, onde 4 milhões de passageiros são transportados e 3.500 viagens são feitas com 60 mil quilômetros percorridos por dia, a quantidade de incidentes notáveis se mantém nos padrões internacionais de qualidade e segurança.
Em 2016, os trens do metrô fizeram 80 mil viagens a mais do que em 2012, chegando a 1,14 milhão de viagens realizadas. Também foram percorridos 430 mil quilômetros a mais, se comparado a 2012.
E mesmo assim, o número de ocorrências notáveis – critério internacional de metrôs para incidentes que afetam a circulação dos trens em algum trecho ou linha por mais de 5 minutos além do intervalo programado – se mantém dentro dos padrões internacionais de qualidade e segurança.
Foram 82 ocorrências do tipo em 2016, o que equivale a 4,3 incidentes por milhão de km percorridos. Os incidentes são inerentes ao modelo do trem e têm relação com a quilometragem percorrida, assim como em qualquer outro sistema de metrô do mundo. Todas as frotas de trens do Metrô apresentam desempenho operacional semelhante.

Esses números mostram que o Metrô de São Paulo é um sistema de transporte regular, confiável e seguro, considerado internacionalmente como um dos dez melhores do mundo.”

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Falhas graves no metrô de São Paulo mais que dobram sob governo Alckmin


26/08/2016 - Folha de São Paulo
O número de falhas graves no metrô de São Paulo mais que dobrou em cinco anos, e a tendência de alta continua em 2016, segundo dados obtidos pela Folha por meio de Lei de Acesso à Informação.

Em 2010, houve 30 ocorrências notáveis —nomenclatura técnica para panes que resultam em paralisação das linhas, ainda que parcial. Em 2015, 76, aumento de 153%.

No primeiro semestre deste ano, já foram 44, praticamente uma a cada quatro dias.
Os números obtidos se referem às quatro linhas operadas pelo próprio Metrô (1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 5-lilás), a cargo do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Essas falhas graves podem ocorrer tanto nos trens como em equipamentos da rede.
Na prática, afetam a vida não só de quem fica preso nos vagões por pelo menos cinco minutos —tempo para caracterizar uma ocorrência notável— como dos demais usuários, já que há um efeito cascata nas linhas do metrô.

Uma falha aumenta os intervalos de viagem, a lotação dos trens e as filas para embarque. Em algumas dessas panes, os trens precisam ser encaminhados para manutenção corretiva, retirando composições de circulação.

Considerando apenas os problemas registrados nos trens, a quantidade passou de 22 para 42 nos últimos cinco anos, alta de 91%.

O Tribunal de Contas do Estado concluiu, com base em dados do Metrô, que cerca de 92 mil viagens de trens deixaram de ser feitas em 2015 em razão de falhas ou problemas de manutenção.

Nos últimos cinco anos, não houve aumento significativo da frota, que passou de 150 para 154 trens, tampouco no volume de quilômetros percorridos pelas composições, que subiu de 18,2 milhões para 18,9 milhões.

Além disso, não houve crescimento expressivo nessa malha metroviária gerenciada pelo Estado, que de 65,3 km chegou a 68,5 km.

O volume de passageiros transportados aumentou 45% no período, mas ainda assim em ritmo mais modesto que as panes graves.

A gestão Alckmin afirma que a alta das panes se deve à adaptação de trens modernizados recentemente.

Funcionários, porém, citam a redução de investimentos na operação, manutenção e modernização de linhas, trens e estações e, como revelou a Folha, a falta de peças e a terceirização no serviço em trens novos e reformados.

Em março, a reportagem mostrou a situação de cinco trens retirados de operação para servir de estoque de peças de reposição para outros. O Metrô tem enfrentado falta de recursos —em 2015, a gestão Alckmin deu calote de R$ 66 milhões na empresa, referente à verba de gratuidades.

O consultor Peter Alouche, especialista em trilhos e que trabalhou décadas no Metrô, ressalta que a rede é pequena para "um dos mais elevados números de passageiros por km de linha no mundo".

Para ele, a alta das falhas pode estar ligada à interferência da implantação nos últimos anos do CTBC —sistema de sinalização de trens mais moderno, que promete reduzir os intervalos entre trens.

"Enquanto não estiver em operação adequada, isso interfere no sistema convencional e causa incidentes", afirma. O sistema só foi implantado integralmente na linha 2. O cronograma de entrega hoje se estende até 2021.

OUTRO LADO
Segundo o Metrô, o aumento de 153% nas panes graves em um período de cinco anos se deve ao retorno de trens do processo de modernização.

De 2010 a 2016, a companhia colocou em operação 80 trens modernizados. O contrato prevê a entrega de outros 18, o que resultará em 98 composições renovadas.

Em nota, a empresa ligada à gestão Alckmin (PSDB) diz que "quanto mais novo for um trem, maior será o número de ocorrências apresentadas justamente porque equipamentos novos passam por fase controlada de estabilização de desempenho até alcançarem sua máxima eficiência".

Segundo a companhia, "a avaliação da variação das ocorrências notáveis não pode ser feita de forma isolada e simplista". "O total de falhas do período analisado está praticamente constante porque enquanto alguns trens novos entram em operação, outros já estão estabilizados", prossegue.

A empresa destaca que todo trem novo ou modernizado requer acompanhamento técnico em seu período inicial de operação.


Por fim, o Metrô afirma que os trens modernizados, "entre outras melhorias, recebem novos freios, tração, sistema de ar-condicionado, câmeras de vigilância, sensores para detecção de fumaça, sistema de informação audiovisual (monitores e displays), trazendo maior conforto e segurança aos usuários".