segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Joubert Flores faz balanço do setor metroferroviário

Joubert Fortes Flores Filho é Engenheiro Eletricista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com MBA em Gerência de Energia pela EBAPE/FGV. Exerce, concomitantemente, os cargos de Diretor de Engenharia do MetrôRio,  membro do Conselho Diretor da ANTP, a Presidência da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), e também a presidência a Comissão Metro-Ferroviária da ANTP.
Joubert concedeu entrevista para o portal da ANTP, em que fala sobre os principais assuntos que formam a pauta do setor metroferroviário hoje no país.

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ANTP = "Investir no transporte contribui para melhorar a eficiência produtiva da população”. Esta frase é sua, dita numa entrevista logo após a criação da ANPTrilhos, no início de 2011. Àquela época havia uma expectativa de fortes investimentos no setor metroferroviário, o que era reforçado por dois megaeventos que o Brasil iria sediar: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Que balanço você faz agora, um ano após a Copa e às vésperas das Olimpíadas? O legado é o esperado, ou você acha que muito mais poderia ser feito?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Continuamos defendendo os investimentos em transporte público para melhorar a mobilidade dos cidadãos, proporcionando menor tempo de trânsito e mais qualidade de vida.
Com a realização da Copa do Mundo no Brasil, o setor metroferroviário esperava a conclusão de cinco novos projetos, que tinham recursos garantidos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e do PAC Copa: Monotrilho de Manaus (AM), VLT de Cuiabá (MT), VLT de Brasília (DF), Monotrilho Linha 17 (SP) e VLT de Fortaleza (CE) – o que consolidaria 79,4 km em novas linhas. No entanto, nenhum destes projetos foi finalizado.
Dessa forma, a rede metroferroviária brasileira continua registrando um crescimento pouco significativo: apenas 3% em 2014. Isso já considerando as linhas que ainda não estão em operação comercial, mas que já estão em regime de operação assistida.
Em relação às Olimpíadas de 2016, o Rio de Janeiro está se preparando para receber os Jogos e executando os projetos metroferroviários para garantir a mobilidade dos cidadãos. Temos a renovação das linhas da SuperVia, modernização das linhas do metrô, a construção da Linha 4 e as seis linhas de VLT integradas ao projeto do Porto Maravilha, que visam, além da melhoria da infraestrutura de transporte, a revitalização de toda a área central da cidade. Essas obras serão um legado dos jogos para a cidade e ajudarão a melhorar a modalidade na cidade, com sistemas eficientes e que reduzirão o tempo de viagem das pessoas, proporcionando mais qualidade de vida para a população carioca.
O legado da Copa ainda não se concretizou, mas estamos otimistas de que a estrutura para as Olimpíadas será toda concluída e de que, em mais alguns anos, a população usufruirá dos projetos iniciados para a Copa.

ANTP = Um dos grandes desafios do setor metroferroviário está em compatibilizar a expansão da infraestrutura com o crescimento da demanda, que tem crescido de forma mais rápida. Quais projetos seriam urgentes para mitigar esse problema?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Os investimentos nos sistemas metroferroviários brasileiros não conseguem acompanhar o mesmo ritmo de crescimento da demanda de passageiros. Atualmente, há 63 médias e grandes regiões metropolitanas e só 12 possuem algum tipo de sistema de transporte de passageiros sobre trilhos. A taxa de crescimento da população brasileira exige um melhor planejamento da mobilidade urbana, obrigando as cidades a estruturar suas redes de forma integrada.
Um sistema de transporte eficiente é fundamental para a mobilidade dos cidadãos, sem perda de tempo no trânsito e levando-os ao destino com rapidez e segurança. Além disso, proporciona mais qualidade de vida para as pessoas e qualidade ambiental para as cidades.
Temos hoje 18 projetos já contratados ou em execução para construção de mais 264 quilômetros de trilhos. Além disso, o setor metroferroviário tem mais de 50 projetos, divididos entre implantação de novos sistemas, ampliação e/ou modernização das linhas existentes, sistemas e telecomunicações, e ampliação da frota.
Apesar da grande quantidade de investimentos, eles ainda são insuficientes, pois não correspondem a todas as necessidades da população e não seguem o crescimento da demanda. Ainda há a necessidade de mais investimentos para a implantação e ampliação dos sistemas, aumento da frota e modernização. As cidades estão crescendo e se desenvolvendo rapidamente e necessitam pensar sua mobilidade em um cenário de, pelo menos, 10 anos. Inserir o transporte metroferroviário de passageiros nesse planejamento é uma das premissas para dignificar o transporte da população.

ANTP = Levantamento recente da ANPTrilhos aponta que existem 18 projetos já contratados ou em execução para construção de mais 264 quilômetros de trilhos. Diante da crise econômica atual, é possível alimentar expectativa quanto à conclusão e início das operações, ainda mais com os recentes casos de corrupção envolvendo grandes empresas do setor?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – O Brasil tem importantes projetos voltados para a mobilidade urbana. Apesar da histórica falta de investimentos para a ampliação da rede metroferroviária de transporte de passageiros, o país tem buscado resgatar esse déficit de investimento. São mais de 50 projetos, divididos entre implantação de novos sistemas, ampliação e/ou modernização das linhas existentes, sistemas e telecomunicações, e ampliação da frota.Temos a expectativa de que todos os projetos serão concluídos.
Apesar do atual momento econômico do Brasil, a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) acredita que os investimentos iniciados não serão paralisados e que esses 264 quilômetros estejam concluídos  nos próximos anos.

ANTP = Você acredita na criação de um fundo de investimentos para projetos de transportes sobre trilhos? Caso sim, como ele poderia ser estruturado e como os municípios poderiam ter acesso aos recursos?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – A criação de um fundo de investimentos voltado para a estruturação de um banco de projetos para transporte de passageiros sobre trilhos é um dos pleitos da ANPTrilhos e faz parte da Agenda de Governo 2015-2018 do Setor Metroferroviário Brasileiro.
A ideia de instituir o fundo é para que sejam desenvolvidos projetos bem estruturados, que não só identifiquem a viabilidade da infraestrutura proposta, bem como, definam todos os detalhes necessários para a correta adequação dos projetos as demandas estimadas.
Atualmente, os sistemas metroferroviários estão restritos a apenas 12 regiões metropolitanas. A malha metroferroviária conjunta das cinco principais operadoras do País não atinge 750 km, sendo que 330 km estão instalados em São Paulo.
Dado o atual estágio de evolução do País, não se pode mais pensar em transporte urbano de forma isolada. Os grandes centros estão se desenvolvendo muito rápido e a população está cada vez maior e o transporte sobre trilhos é fundamental nesse contexto para dar maior fluidez à mobilidade, transportando os passageiros de forma moderna, segura, ordenada, rápida e sustentável nas cidades.  Desse modo, propõe-se que haja um efetivo desenvolvimento de projetos de mobilidade urbana que considerem o modal metroferroviário, tornando-os uma referência e um estímulo à implantação de novos empreendimentos de transporte sobre trilhos.
O Ministério das Cidades é o responsável pela elaboração de políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana brasileira. Nesse sentido, caberia ao Ministério das Cidades à criação e gestão desse fundo de investimentos para financiar a realização de projetos metroferroviários voltados para a mobilidade urbana de passageiros sobre trilhos.
A ANPTrilhos também defende  o fundo de investimentos para projetos de trens regionais, neste caso, com gerência do Ministério dos Transportes.

ANTP = Para a atualização da malha serão necessárias novas tecnologias para o transporte metroferroviário. Mas sabemos que isso só será possível se projetos como a expansão dos trens paulistas saírem do papel. Como você vê isso?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – As tecnologias avançam diariamente e precisam ser acompanhadas. Além de expandir a rede metroferroviária do País, o setor metroferroviário nacional precisa progredir na modernização dos sistemas existentes para acompanhar o desenvolvimento tecnológico já atingido por outros países, visando padrões de excelência em velocidade das composições, aumento de produtividade e ampliação da capacidade instalada.
A ANPTrilhos vem trabalhando nesse sentido, buscando parcerias internacionais para o aprimoramento do transporte de passageiros sobre trilhos. Uma ação recente foi um acordo de US$ 650 mil, cerca de R$ 2,2 milhões, com a U.S. Trade and Development Agency (USTDA) para a realização de estudos que envolvem a área de vídeomonitoramento embarcado nos trens de passageiros. Os estudos serão focados na área de comunicação operacional, enfocando a parte regulatória, técnica e tecnológica para a transmissão, em tempo real, das imagens dos trens de passageiros para os Centros de Controle Operacional (CCO), interligados com sistemas de segurança pública. A USTDA publicou nos Estados Unidos a chamada para o envio de propostas até o dia 29 de outubro.
Esse estudo vai beneficiar não só os operadores metroferroviários, mas, principalmente, os usuários dos sistemas de transportes de trens de passageiros no Brasil e os formuladores de políticas públicas, que poderão utilizar o estudo como base para a área de transporte urbano.

ANTP = Que balanço se pode fazer das concessões no setor metroferroviário?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Com a chegada das concessões na área metroferroviária de passageiros, as operadoras têm os desafios do aumento do transporte e a redução dos custos operacionais.  A qualidade da operação e o atendimento aos passageiros são primordiais, assim como a realização de investimentos, públicos ou privados, para o bom desempenho dos sistemas.
O Brasil conta com níveis de excelência no transporte de passageiros sobre trilhos. Indicadores de produtividade colocam o Metrô de São Paulo entre os melhores do Mundo, assim como a Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro.
A chegada das concessões contribuiu para acelerar os investimentos privados. Sem dúvida, a iniciativa privada é um importante parceiro para projetos e na área metroferroviária não seria diferente.
O aprimoramento do processo de concessão facilitou os investimentos em aquisições de equipamentos, modernização da manutenção e melhorias nos serviços ofertados.
A ANPTrilhos defende que o investimento seja realizado de forma a ter excelentes projetos, operação e atendimento aos passageiros dos sistemas sobre trilhos. E essa parceria entre o público e o privado é primordial.

ANTP = Por fim, mas não menos importante: além da questão da infraestrutura, um dos grandes desafios do setor metroferroviário está na qualificação técnica dos profissionais do setor. Como está isso? As empresas operadoras estão investindo em RH?
JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Os operadores metroferroviários de passageiros realizam constantes processos de capacitação e aprimoramento de seus profissionais. Esses trabalhos são desenvolvimentos nas áreas administrativas, operacionais e de atendimento aos passageiros. Constantemente, os funcionários passam por treinamentos em simuladores operacionais. Além disso, são firmadas parcerias com universidades para cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, e cursos internos.
Durante a Copa do Mundo de 2014, os operadores realizaram módulos de treinamento para atender os passageiros durante os jogos, incluindo cursos de inglês para a recepção aos estrangeiros. Os avisos sonoros dentro dos trens também passaram a ser bilíngue.
Em relação a recursos humanos, em 2014, a geração de empregos subiu mais 8%, o que representa um aumento de 2.780 contratações.

Entrevista concedida a Alexandre Pelegi, ANTP 

País tem mais de 20 projetos metroferroviários para minimizar problema de mobilidade urbana

Qua, 23 de Setembro de 2015 22:21
Ampliação e modernização de frotas e linhas existentes são algumas das soluções que estão sendo colocadas em prática para sanar os gargalos de infraestrutura, segundo ANPTrilhos. Alstom investe em soluções de olho no potencial latino-americano.
Em nove das maiores regiões metropolitanas do Brasil, o tempo médio gasto no trânsito é de 82 minutos, segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O crescimento desordenado das cidades e o excesso de veículos têm sido os principais entraves para o desenvolvimento socioeconômico. A chave para solucionar os problemas de infraestrutura do País está na mão da mobilidade urbana, conceito que o Governo Federal, em parceria com instituições e empresários, vem tentando colocar em prática para superar os gargalos logísticos.
Considerada uma das protagonistas dos meios de transportes por ser uma alternativa eficiente em termos de locomoção, as ferrovias têm recebido diversos investimentos. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), entidade apoiadora da NT Expo - 18ª Negócios nos Trilhos, principal evento do setor metroferroviário da América do Sul, existem mais de 20 projetos voltados ao setor, que estão divididos entre implantação de novos sistemas, ampliação e modernização das linhas existentes e ampliação da frota.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o Governo do Estado empenhou esforços para renovar quatro linhas do sistema de trens urbanos; ampliar e modernizar as linhas de metrô e construir as linhas 3 e 4 de metrô para atender à demanda das Olimpíadas de 2016. Além disso, serão integradas seis linhas de VLT ao projeto do Porto Maravilha, que além de contribuir para a melhoria da infraestrutura de transporte, irá ajudar na revitalização de toda a área central da cidade.
Já em São Paulo serão entregues duas novas estações da Linha 4-Amarela e as obras de modernização das linhas da CPTM devem ser concluídas. Na Baixada Santista, o VLT já está sendo testado em São Vicente. Também estão em construção os monotrilhos das linhas 15-Prata e 17-Ouro e a expansão da Linha 5-Lilás, segundo a associação. No nordeste do País, o Metrô Bahia deve entregar ainda este ano o primeiro trecho da Linha 2, que vai da estação acesso Norte à estação Rodoviária, com 2,2 km. O segundo trecho desta linha deve ser entregue em 2016, com quatro novas estações, somando mais 6,5 km de vias.
A superintendente da ANPTrilhos também informou que a CBTU está fazendo obras de melhorias em seus sistemas de João Pessoa (PB), Maceió (AL), Natal (RN) e Recife (PE), com conclusões previstas até o ano que vem. O Governo do Ceará está com obras em andamento em Fortaleza, com ampliação de linhas e a construção do VLT. Além disso, ainda estão em andamento as construções dos VLTs de Cuiabá (MT) e Goiânia (GO). Espera-se ainda a licitação para a expansão do metrô de Brasília e conclusão de três estações; o trem Brasília-Luziânia; e os trens regionais de São Paulo.

“Apesar do ajuste fiscal do Governo Federal, que reflete na restrição dos orçamentos dos Estados, acreditamos que os investimentos em mobilidade urbana serão conservados para afirmar que os projetos já iniciados sejam finalizados, garantindo a ampliação da mobilidade urbana dos principais centros, a melhoria da qualidade ambiental das cidades e da qualidade de vida dos brasileiros”, conta Roberta Marchesi.

Com 53 estações, laranjinhas do Bike Rio se multiplicam

O Globo 11/09/2015
RIO — O Centro do Rio está mais... laranjinha. As bicicletas do Bike Rio têm servido cada vez mais como meio de transporte na região, que já conta com 53 as estações. Agora, não é difícil encontrar alguém de terno e gravata pedalando pela Avenida Almirante Barroso, por exemplo.
— É uma aventura pedalar de camisa de manga comprida, calça e sapato social. Chego ao trabalho suado, mas bebo bastante água e, em pouco tempo, fico seco, graças ao ar-condicionado. É uma forma de não gastar dinheiro com passagem e me exercitar — afirmou o assistente financeiro Denis Lima, que, na manhã de quinta-feira, pegou uma laranjinha no Largo da Carioca para ir à Lapa.
O consultor Laion Azeredo é outro que adotou as laranjinhas para ir de sua casa, na Tijuca, ao Centro. Ele pedala oito quilômetros até o trabalho, na Avenida Presidente Wilson.
— Se eu pegasse um ônibus, levaria quase uma hora, devido ao trânsito. De bicicleta, chego em 45 minutos, e mais disposto — comparou Azeredo.
Já o engenheiro Eduardo Cavalcanti, que é funcionário da Petrobras, recorre ao Bike Rio para se locomover entre os prédios da empresa na região.
— Gasto cinco minutos. Andando, levaria 20 — disse.
O jornalista João Paulo Malerba, que mora no Bairro de Fátima, também costuma pegar bicicletas nas estações do Centro. Principalmente nos horários de rush, quando são mais disputadas. Hoje, ele tem a laranjinha como principal meio de transporte.
— Dou uma dica para quem está começando agora a usar o Bike Rio no Centro. Antes de retirar uma bicicleta, verifique os pneus e teste a correia e o freio, porque, às vezes, não estão bons — aconselhou Malerba.
Ausência do selim e travamento do passe sem liberação da bicicleta são outros problemas eventualmente enfrentados pelos usuários do sistema. Mas Angelo Leite, presidente da Serttel, empresa responsável pela operação e manutenção das laranjinhas, afirmou que os contratempos vêm diminuindo desde maio, quando foi implantado um sistema inteligente de avaliação do desempenho do Bike Rio.

— Se uma bicicleta não é utilizada por três dias, nosso software acusa essa situação e uma equipe é mobilizada para checar o equipamento. E, quando detectamos um defeito em alguma estação, conseguindo fazer os reparos necessários em até três horas — afirmou Leite

Prefeitura de Sobral vai reduzir a operacionalidade do METRÔ VLT


Sobral 24 horas -24/09/15

O veículo sobre trilhos (VLT) de Sobral vai parar sua operacionalidade. A primeira medida é reduzir o número de estações, com previsão de mais de 20 demissões de vigilantes que fazem a proteção das estações do VLT. A referida decisão já está sendo repassadas aos funcionários. 

Outro fato é que sem dinheiro para bancar o transporte coletivo, que viaja em fase experimental há quase um ano, Prefeitura e Estado tomaram também a decisão de fechar algumas estações entre os trechos das linhas Norte e Sul. As estações desativas serão aquelas que ficam entre duas estações, como exemplo, a que fica próximo ao Hospital Regional Norte, entre a última do terminal e a do Junco, em frente a churrascaria Juncão.


Wilson Gomes 

Ajuste fiscal chega aos transportes e ameaça pesar no bolso de passageiros

O DIA 06/09/2015
Especialistas temem aumento graças a alta em impostos
Gustavo Ribeiro
Rio - Os transportes coletivos foram parcialmente poupados no ajuste fiscal do governo, mas não o suficiente para evitar impacto nas tarifas. A lei que aumenta as alíquotas de contribuição previdenciária de empresas de diversas atividades econômicas, sancionada terça-feira pelo governo federal, vai pesar no reajuste das passagens em 2016, sinalizam representantes do setor.

A medida, que entra em vigor em 1º de dezembro, aumenta de 2% para 3% o encargo sobre o faturamento de operadores de ônibus, trens e metrô, dando um passo atrás na política de desonerações das folhas de pagamento do setor, lançada em 2013.

Segundo estimativa da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), isso representará um acréscimo médio de R$ 0,03 na revisão tarifária anual dos ônibus (impacto de 1% sobre a média nacional das tarifas, R$ 2,80), sem contar outros custos que entram no cálculo das passagens. No Rio, o reflexo deve ser o mesmo.

“Fizemos de tudo para que o governo tratasse o transporte público como exceção, pela sua importância social. Alguns setores conseguiram (manter as desonerações, que vinham sendo concedidas desde 2011 para alguns segmentos). Se não conseguirmos reverter essa situação até dezembro, o aumento será repassado para as tarifas”, afirma Marcos Bicalho, diretor administrativo e institucional da NTU.

“A mão de obra representa de 40 a 45% do custo do transporte. Infelizmente, o governo não teve a sensibilidade de ter o mesmo tratamento com a mobilidade que teve com outros setores. Onerar o transporte coletivo estimula as pessoas a usarem o automóvel”, aponta o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Lélis Teixeira.
No ano passado, o governo ampliou a desoneração da folha para 56 setores e anunciou que o benefício seria definitivo. No entanto, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, afirmou, no dia seguinte à publicação da lei, que as desonerações foram uma política pública passageira. Ele culpou a crise.

"As desonerações iam desaparecer em todos os setores. Política pública nunca é definitiva. Governos são passageiros, cada um com sua realidade. [...]Hoje, o Brasil e o mundo vivem uma crise na economia que precisa ser levada em consideração”, disse o ministro após a abertura do Seminário Nacional da NTU, em São Paulo, na quarta-feira.

Fontes de financiamento
O passageiro não pode custear sozinho o transporte, e isso só será possível criando novas fontes de financiamento para a tarifa. Especialistas que participaram do seminário da NTU em São Paulo defenderam que o governo cobre mais impostos de donos de automóveis para subsidiar os custos da operação dos ônibus.

A intenção é que as passagens, reajustadas anualmente, não aumentem ou aumentem menos, além de reduzir o número de carros.
Sobretaxar a gasolina foi a proposta apresentada pelo secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto. Segundo ele, um aumento de 10 centavos sobre o combustível poderia congelar a tarifa de ônibus da cidade no preço atual, de R$ 3,50, caso a Cide (imposto federal sobre a gasolina) fosse destinada aos municípios para financiar o transporte.

Já O coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte (MDT), Nazareno Affonso, defendeu o fim de estacionamentos públicos. “O estacionamento poderia ser um pedágio urbano.”


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Lentidão dos ônibus em BH desestimula troca do transporte individual pelo público

Pesquisa do Observatório de Mobilidade divulgado pela BHTrans mostra que, em horário de pico, os coletivos ficam mais lentos que as carroças
postado em 23/09/2015 06:00  Mateus Parreiras

Comuns em BH, os engarrafamentos não deram refresco no Dia Internacional sem Carros, um sinal do desinteresse em deixar o veículo na garagem (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Formas alternativas de deslocamento ao transporte individual para reduzir impactos ao meio ambiente e ao trânsito intenso de BH foram incentivadas, nessa terça-feira, no Dia Internacional sem Carro, sendo que a BHTrans até instalou uma varanda urbana (parklet) numa vaga da Avenida Afonso Pena para  fomentar essa mudança. Contudo, as condições atuais do transporte público ainda não são atrativas o suficiente para que donos de automóveis deixem seus veículos nas garagens e tomem ônibus ou metrô na capital mineira.

O desempenho dos ônibus deixa a desejar em vários quesitos (veja tabela). A velocidade de deslocamento dos passageiros no horário de pico da tarde, por exemplo, não passa de 15,9 km/h, inferior à carreira de um porco, que chega a atingir 17 km/h, ou a aceleração de uma carroça, de 28 km/h. Mesmo quem quer caminhar encontra obstáculos, como a baixa proporção de semáforos com tempo para travessia de pedestres, que só existe em 13,6% dos equipamentos, restando a quem está a pé esperar por uma folga no tráfego para cruzar as vias.  O sistema de metrô, com apenas uma linha, também limita consideravelmente essa modalidade de transporte como opção.

Os dados, referentes ao ano passado, constam do Observatório de Mobilidade divulgado pela BHTrans. No que diz respeito à velocidade dos ônibus e das linhas do Move implantadas até 2014, o desempenho melhorou um pouco se comparado a 2013, quando os veículos de transporte público marcavam 15,2 km/h, mas ainda se encontra em patamar inferior aos 16,5 km/h registrados em 2008. E não é apenas o tempo de deslocamento que incomoda os passageiros. Os índices usados para avaliar o desempenho dos ônibus e que têm nota 100 como máxima, também são ruins e têm registrado piora. No caso do cumprimento do quadro de horários, a nota de 2014 foi 63,2, uma queda de 25,3% em relação aos 84,6 pontos de 2012. O desempenho dos veículos pela cidade em suas manobras e funcionamento das estruturas do serviço caíram 14,8%, no mesmo período, de 76,8 pontos em 2012 para 65,5 no ano passado. Mesmo com a implantação de ônibus maiores, plataformas de embarque em nível e ar-condicionado nos veículos, o quesito conforto não passou de 59,9 pontos em 2014, melhora de apenas 2,3% frente o resultado de dois anos antes, de 58,5,  apesar de um investimento da ordem de R$ 1 bilhão no sistema.

Com tantos problemas, a adesão das pessoas ao transporte público só poderia mesmo cair. E é o que tem ocorrido, de acordo com os dados do observatório. De cada 100 habitantes da capital, 60,1% usavam transporte público em 2014, sendo que o dado mais antigo do estudo, de 1996, mostra uma utilização dessa forma de deslocamento por 74%. “A gente, que precisa usar os ônibus porque não tem outra opção, sofre demais no horário de pico. Chega a irritar o tempo que leva para rodar um quarteirão. Não dá nem para nos distrair usando celular quando estamos sentados, porque dá medo de alguém pular a janela e roubar”, reclama o funcionário público Dirceu Augusto Santos, de 53 anos, que leva em média 50 minutos para sair do Centro para sua casa, no Bairro Carlos Prates. A estratégia tem sido tentar evitar o horário de pico, o que nem sempre é possível. “Quando dá para ir embora antes das 17h é um alívio. Do contrário, o mais frequente é resolver alguns outros problemas e só pegar o ônibus das 19h em diante”, afirma.


Expectativa da BHTrans
Na avaliação do diretor de Planejamento da BHTrans, Celio Freitas, o aumento da velocidade foi realmente “discreto”, mas o período avaliado ainda não tinha o sistema Move totalmente implantado. “No ano passado, o Move teve uma implantação parcial. Com mais linhas e corredores exclusivos, a tendência é de mais rapidez. A velocidade ideal numa cidade grande é a que se desenvolve nesses corredores, que chega à média de 30 km/h no horário de pico”, disse. Com isso, o diretor espera que a média de 2015, a ser apresentada em 2016, seja superior à de 2014. “Temos outros planos de investimentos, que dependem de acordo com o Ministério das Cidades para liberação de projetos para mais 100 quilômetros de corredores exclusivos para o transporte público. Uma das áreas pretendidas é a Avenida Portugal, que apresentaria uma melhora na circulação dos ônibus da Estação Pampulha”, afirma Freitas.


No caso do Metrô de BH, ainda não há data para a realização dos projetos de ampliação da Linha 1 (Eldorado/Vilarinho) e de implantação de outros três ramais que abrangeriam mais áreas da cidade. De acordo com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), “os projetos de ampliação da Linha 1 e construções das Linhas 2 (Barreiro/Nova Suíça) e Linha 3 (Lagoinha/Savassi) já foram concluídos e compatibilizados com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O projeto da Linha 4 (Novo Eldorado/Betim) está em execução”. A Setop não informou qual a expectativa de início das obras.

Prefeitura discute revitalização do Jaraguá com CBTU e Transnordestina

Assunto vem sendo tratado desde 2013
Assessoria 28 Jul de 2015 - 22:27

O prefeito Rui Palmeira e o secretário municipal de Planejamento, Manoel Messias, reuniram-se, nesta terça-feira (28), com representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Transnordestina Logística S/A. Em pauta, a revitalização urbanística do Jaraguá e o reforço na mobilidade urbana da cidade. Inicialmente, foi feita visita técnica ao local onde funcionava a estação ferroviária do Jaraguá e na sequência, foi feita uma reunião para discutir os aspectos e atribuições da parceria.

“Reunimos todos os entes envolvidos para discutir as melhorias na região. Pedimos à Transnordestina, que administra a linha Centro/Jaraguá, para autorizar o uso do trecho pela CBTU, pois isso melhoraria a mobilidade urbana na cidade. Outro ponto trata do chamado pátio de manobra. O local pertence à CBTU e queremos que seja passado para o Município, que o transformará numa área cultural e de lazer, mudando o cenário que encontramos hoje, com lixo acumulado e ocupações irregulares”, disse Rui Palmeira.
De acordo com o superintendente da CBTU, Marcelo Aguiar, o objetivo é ofertar transporte de qualidade à população. “Ao revitalizarmos uma área tão importante da cidade, movimentada e com muitos pontos turísticos, estenderemos nossos serviços, beneficiando os usuários do transporte público”, destacou.

Para o secretário de Planejamento, Manoel Messias, o projeto é de devolução para a cidade de uma área que será de uso comum. “Lá, serão desenvolvidas atividades do turismo, culturais e de lazer. Sem dúvida, o Jaraguá será valorizado, tornando-se uma área de interesse, com atrativos. Levando o VLT, ainda contribuiremos para melhorar a mobilidade na cidade”, afirmou.


O assunto vem sendo tratado desde 2013 e envolve órgãos como a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Urbanização (Seminfra), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) e Secretaria de Patrimônio da União (SPU).