quinta-feira, 14 de março de 2013

BH terá metrô na Av. Nossa Senhora do Carmo

Avenida, uma das mais movimentadas de BH, será pátio de manobra do trem. Obra no subsolo é considerada 'ousada'
Flávia Ayer -
A Avenida Nossa Senhora do Carmo, uma das mais movimentadas da cidade e importante eixo de ligação da Região Centro-Sul, vai receber o metrô em suas profundezas, embora não esteja prevista estação de embarque e desembarque de passageiros no local. A Trem Metropolitano de Belo Horizonte S.A. (Metrominas), que gerencia a expansão do sistema de transporte, está fazendo sondagens em vários pontos da via e prevê construir no subsolo o pátio de manobra da tão aguardada Linha 3. Situada em área nobre, a avenida fica próxima da Savassi, um dos destinos do ramal que também levará os passageiros até a Lagoinha, na Região Noroeste.
A construção do pátio de manobra no subsolo na Nossa Senhora do Carmo, na altura do shopping Pátio Savassi, por onde passam diariamente cerca de 95 mil veículos, é considerada ousada por especialistas, por se tratar de uma opção de alto custo. “Fazer um pátio subterrâneo é um luxo, porque é muito caro. A obra na Nossa Senhora do Carmo, uma área extremamente adensada, será um ‘deus nos acuda’”, afirma o coordenador do Núcleo de Transportes da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (Nucletrans/UFMG), Ronaldo Guimarães Gouvêa.
O professor explica que há duas formas para construir o pátio. “Uma é usar o ‘tatuzão’, uma máquina que vai abrindo o buraco debaixo do solo e é a opção mais cara. A outra é fazer através da superfície, o que causa mais transtornos, mas é bem mais barata. Na Nossa Senhora do Carmo, provavelmente, será sem o ‘tatuzão’”, deduz, por uma questão de custos. Com 4,5 quilômetros de extensão, a Linha 3 do metrô está orçada em R$ 1,4 bilhão e compreende um percurso da Lagoinha, próximo à rodoviária, passando pela Avenida Afonso Pena, Rua Pernambuco e terminando perto do Shopping Pátio Savassi.
Do outro lado da Linha 3, na Lagoinha, o pátio de manobra já havia se mostrado uma questão delicada, por causa do encurtamento do único trecho subterrâneo do metrô de BH. O projeto inicial previa a ligação da Savassi à Pampulha e, por isso, o pátio de manobra e manutenção havia sido projetado para ocupar a área onde hoje está sendo construída a Estação Pampulha do BRT (sigla em inglês para transporte rápido por ônibus). Mas, para encaixar na verba de R$ 3,16 bilhões liberados pela União para a expansão do metrô de BH, o ramal passou a ir somente até a Lagoinha. Apesar de mais cara, a solução foi a construção de pátio subterrâneo debaixo do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, na Avenida Antônio Carlos.
De acordo com a Metrominas, na semana que vem serão concluídos os trabalhos de sondagem na Linha 3. Apenas na Savassi e entorno da Nossa Senhora do Carmo, até a altura da Avenida Uruguai, no Sion, foram cerca de 20 furos de 35 metros de profundidade. Ao longo dos 4,5 quilômetros do ramal, foram 180 sondagens. Apesar de não haver análise conclusiva, estudos preliminares indicam que o solo de BH tem boas características mecânicas e não representará impedimento ao trem subterrâneo. Os resultados definitivos sairão ainda no primeiro semestre.
REFLEXO DAS OBRAS
É bom lembrar que a movimentação de sondagem está atualmente bem próxima da Praça Diogo de Vasconcelos, a conhecida Praça da Savassi, que passou há um ano por obras de revitalização. Os comerciantes da região observam ressabiados as sondagens para a próxima intervenção. “Tem que ter um metrô aqui, pois o trânsito na região está horrível. O problema é que temos muito medo do reflexo das obras. Com a reforma da Savassi, 60 lojas fecharam”, afirma a presidente da Associação de Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora Teixeira.
O projeto do metrô prevê também a expansão da Linha 1 até o Bairro Novo Eldorado, em Contagem, que vai atualmente da Estação Vilarinho, em Venda Nova, até a Eldorado, em Contagem. Já a Linha 2 fará o entroncamento com a Linha 1 na Estação Nova Suíssa e chegará até o Barreiro. A Metrominas ainda está em fase de contratação e elaboração dos projetos básicos de engenharia das três linhas. Todos os projetos têm prazo de elaboração de 12 meses. Assim que a ordem de serviço for dada, as empreiteiras têm de quatro a cinco anos para concluir a obra. A prefeitura promete também enviar “em breve”, segundo a assessoria de imprensa, projeto de lei com pedido de autorização para contratar R$ 400 milhões em financiamento para investimentos no metrô.

Nenhum comentário:

Postar um comentário