quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Desafios envolvidos na mudança do padrão energético para a mobilidade urbana

10/10/2013 09:00
O professor Márcio de Almeida D'Agosto, da Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez no 19º Congresso da ANTP uma exposição a respeito da energia utilizada por em todas as formas de transporte do Brasil, considerando o transporte coletivo, caminhão de carga, automóvel. A apresentação ofereceu um quadro de como o Brasil consome energia para o transporte comparando-o com consumo de outros países.
A sessão contou com comentários de Guilherme Wilson, gerente de Operações e Mobilidade da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor); de Olímpio de Melo Álvares Júnior, da Cetesb, a agência ambiental do governo paulista, e do consultor do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Paulo, engenheiro e professor Hélcio Raymundo.
Desafios. O coordenador da sessão foi o engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara Vasconcellos, presidente da Comissão Técnica de Meio Ambiente da ANTP. Segundo ele, a apresentação revelou os estudos que as universidades vêm fazendo em várias frentes para produzir um conhecimento brasileiro sobre o tema. Mostrou também que a questão que envolve mobilidade e meio ambiente não se resolverá apenas com mudanças no ônibus, havendo diversos outros aspectos a serem considerados, entre os quais estão o trânsito, os custos de diferentes insumos eo desfecho da discussão sobre para onde irão os subsídios no Brasil, se para o automóvel ou para o transporte público.
Vasconcellos assinalou que um ponto evidenciado pelo debate é que não haverá solução com um só tipo de energia para os ônibus, sendo necessário considerar a combinação de diferentes possibilidades. Há estudos feitos no Rio de Janeiro e outros em andamento em São Paulo que buscam comparar as energias possíveis.
"Podemos imaginar que no Brasil haverá três ou quatro tipos predominantes de energia, tais como o diesel tradicional, o híbrido diesel elétrico e, talvez, o ônibus a etanol. O ponto mais polêmico é o gás natural; o ônibus movido 100% a gás teve uma experiência muito negativa em São Paulo e isso, gerou uma rejeição. A saída parece ser combinar o gás natural com diesel, o que vem dando certo no Rio de Janeiro”, assinalou o especialista.
Ele concorda que possa haver a combinação, dentro de uma mesma frota, de diferentes soluções energéticas adequadas aos diferentes tipos de veículos, considerados aspectos como preço, durabilidade, garantia de fornecimento e também certa economia de escala.Como as características do ônibus variam muito em razão do tamanho e do peso, a tendência é que determinado tipo de energia ofereça melhores resultados para determinados tipo de veículo do que para outros."Pensando em termos de Brasil, é, sem dúvida, uma equação complicada e fascinante; porque teremos que avaliar o conjunto dos 120 mil ônibus existentes no País e buscar a combinação adequada”.
Liderança. Ficou claro no debate que a mudança do padrão energético para o transporte coletivo não pode ser conduzida exclusivamente pela indústria e nem ser descentralizado. "É importante a descentralização do poder, com a participação dos estados e dos municípios, mas há processos que o governo federal precisa conduzir. Não se trata de estabelecer proibições, nem de condicionar, mas precisa liderar”, disse Vasconcellos, acrescentando: "Se o Rio de Janeiro for por um caminho, São Paulo por outro, e outras unidades escolherem outra via, serão desenvolvidas soluções, mas certamente estará prejudicado o ganho de escala”.

Outro componente da questão é a economia das empresas operadoras, já que a mudança energética envolve a compra de veículos novos e mais tarde a possibilidade de revendê-los. "Se o processo dificultar muito a compra e dificultar também a revenda, a equação ficará muito complicada e haverá uma enorme resistência. No limite,seria necessário conceder uma tarifa muito superior ou subsidiar. Trata-se de um processo que deve envolver acordo com os operadores, e considerar também o que a sociedade deseja. Investimentos em veículos melhores terão um custo e isso não vai sair só da tarifa, será preciso haver outra visão sobre essa questão”, finalizou.

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