sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Com atrasos, sucateamento e violência constante, sistema de trens do RJ ‘saiu dos trilhos’

 08/12/2021 G1 Notícias da Imprensa

 

Problemas que afetam passageiros dos trens vão além do furto de cabos - Reprodução TV Globo

G1 – O passageiro que depende dos trens da SuperVia no Rio de Janeiro vêm sofrendo ao logo dos últimos anos com atrasos constantes nas viagens, sucateamento de material e violência que apavora.

A SuperVia alega que a maioria das paralisações e atrasos nas viagens ocorreu por causa de furtos. E que somente este ano, 30 quilômetros de cabos foram roubados por criminosos. Número quatro vezes maior que em 2020.

Foram roubados não só cabos de energia e sinalização, mas também grampos de ferro que fixam os trilhos. Sem a fixação eles ficam soltos e não suportam o peso dos trens.

De acordo com a SuperVia, 1.100 viagens foram canceladas ou interrompidas desde janeiro por causa desse problema.

O RJ1 teve acesso a um documento da Agência Reguladora de Transportes (Agetransp). Os dados são de janeiro a agosto deste ano. O documento mostra que os problemas enfrentados pelos passageiros vão além da violência.

Ocorreram 95 avarias no sistema elétrico, na rede aérea, na sinalização e nos próprios trens. Isso dá uma média de um a cada dois ou três dias. Também foram registradas seis colisões violentas, chamadas pela Agestransp de abalroamento. O descarrilamento, quando o trem sai do trilho, foi registrado 12 vezes. Ou seja, três a cada dois meses.

Foram registradas também 25 ocorrências de fatores externos, como por exemplo, chuvas fortes ou ventos, obstáculos na via e atropelamentos de animais.

Num relatório da Casa Fluminense, especialistas afirmam que a culpa não é apenas da crise devido à pandemia. E muito menos dos antigos roubos de equipamentos. Segundo o documento, os problemas passam pela falta de transparência do contrato e do lucro da empresa, pela fiscalização falha e pelo contrato de concessão que permite o reajuste de tarifa com base num índice que pode deixar a passagem muito cara.

Na segunda-feira (6), o RJ1 mostrou a sugestão da SuperVia para aumentar o valor da tarifa, de R$ 5 para R$ 7, 40% a mais.

Para a concessionária, essa é uma das alternativas para a empresa tentar reequilibrar as contas. A empresa ainda foi ao governo do estado para tentar uma ajuda de R$ 211 milhões, com a justificativa de queda no número de passageiros durante a pandemia. E espera uma responsa.

O RJ1 pediu uma entrevista com o novo secretário estadual de Transportes, André Luís Nahass, mas a secretaria não responde à solicitação.

Concessão ficará ‘inviável’
Em outro documento obtido pelo RJ1, a SuperVia diz à Agestransp que muito em breve a concessão pode ficar inviável. Ao RJ1, a empresa afirmou que tem uma dívida de R$ 1,2 bilhão.

Em 2019, a empresa, que pertencia à Odebrecht, foi vendida para a Mitsui – um dos maiores conglomerados do Japão – o que inclui até uma empresa de seguros.

Enquanto tenta recuperar o lucro e aumentar a tarifa, muita gente continua embarcando de graça nos trens. É o que acontece em várias estações, como num flagrante feito nesta terça-feira (7), pelo Globocop, em Senador Camará, na Zona Oeste. Os passageiros usavam um buraco no muro da via férrea, aberto há anos.

“É muito perigoso. É muito perigoso. As estações estão sucateadas. A verdade é essa. A gente não tem segurança em nenhuma das estações. São poucas as estações que têm segurança, entendeu? Só as maiores mesmo”, disse um passageiro.

Em apenas um mês foram 21 assaltos e furtos a passageiros, segundo registros da própria SuperVia. A maioria, na Central do Brasil, a principal estação do estado.

Entre o pedido de aumento de passagem, problemas que não acabam e números que assustam ficam os passageiros, que sofrem com tudo isso. .

O governo do estado disse que dialoga com a SuperVia e que busca melhorar os serviços e reequilibrar o contrato, garantindo um aumento com menor impacto para o passageiro. Afirmou também que o índice IGP-M, que deixa a passagem mais cara, está no contrato desde 1998. E que é um dos temas tratados com a concessionária.

A SuperVia disse que a atual gestão age com transparência e informa todas as ocorrências à Agetransp. E, novamente, que tem tido prejuízos com furto de cabos. Declarou também que os furtos de grampos podem causar descarrilamentos. E que se esforça para manter a operação com menor prejuízo possível aos passageiros. A SuperVia novamente disse que foi impactada pela pandemia. E que o IGP-M é o índice previsto no contrato de concessão.

A PM explicou que a força-tarefa criada para combater o crime na linha férrea vai continuar por tempo indeterminado. E que 211 pessoas foram presas em flagrante por crimes, como furto de materiais, porte de armas e tráfico de drogas, além de apreensões.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/12/07/com-atrasos-sucateamento-e-violencia-constante-sistema-de-trens-do-rj-saiu-dos-trilhos.ghtml

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