sexta-feira, 21 de junho de 2013

Balanço do Setor Metroferroviário 2012/2013” mostra que Brasil ampliou transporte de passageiros, mas rede ferroviária cresce abaixo da demanda

A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos - www.anptrilhos.org.br), que representa 98% de todos os operadores metroferroviários de passageiros do Brasil, divulgou nesta 3ª feira (4 de junho), em Brasília, o “Balanço do Setor Metroferroviário 2012/2013”. O estudo mostra que mais passageiros estão sendo transportados sobre trilhos, porém, o crescimento da malha ferroviária para trens e metrôs é inferior à demanda de passageiros.

Em coletiva à imprensa, o presidente do Conselho da Associação, Joubert Fortes Flores Filho, também avaliou os projetos de mobilidade sobre trilhos que estão sendo desenvolvidos para atender a demanda a ser provocada pelos jogos da Copa do Mundo de 2014.

Embora apenas dois dos projetos – entre cinco prioritários – ainda tenham poucas chances de serem concluídos a tempo da Copa (o Veículo Leve sobre Trilhos de Fortaleza - CE e o de Cuiabá - MT), o dirigente acredita que haverá condições de transportar no ano que vem todo o público demandante durante a competição.

Também participaram da entrevista coletiva Conrado Grava de Souza, Diretor de Planejamento da ANPTrilhos, Rodrigo Otaviano Vilaça, Diretor Executivo e Vicente Abate, Diretor Comercial, além de Roberta Marchesi, Gerente Executiva da entidade.

A seguir, as principais constatações do Balanço da ANPTrilhos:

- O Brasil transportou em trens e metrôs 2,6 bilhões passageiros em 2012. Esse total representa um crescimento de 8% em relação ao ano de 2011. A previsão para 2013 é de que esse número seja 10% superior;

- Trens e metrôs transportaram, em 2012, 9 milhões de passageiros diariamente, um crescimento de 3,8% em relação ao número de passageiros diários que utilizavam os sistemas em 2011;

- O crescimento da malha ferroviária de passageiros não acompanhou o crescimento da demanda. Nenhum novo sistema de transporte de passageiros sobre trilhos foi implantado no Brasil desde 2010. O aumento inexpressivo da rede foi de apenas 3,2% em 2012, em comparação com 2011;

- Isso demonstra que o setor transporta uma quantidade de usuários no limite de sua capacidade o que, por consequência, explica os altos níveis de lotação dos principais sistemas. O sistema de transporte sobre trilhos não contribuiu, em 2012, para o aumento da inclusão social daqueles que ainda hoje não têm acesso a um sistema de transporte de qualidade. A participação do sistema sobre trilhos ocupa apenas 3,8% de participação na matriz de transporte urbano. Segundo a ANPTrilhos, é necessário ampliar os investimentos nesse setor;

- O País continua com 15 sistemas urbanos de transporte de passageiros sobre trilhos, implantados em 11 Estados. Atualmente, esses sistemas cobrem menos do que 45% dos Estados Brasileiros;

- O sistema de transporte de passageiros sobre trilhos totalizou em 2012 1.028 km de extensão, divididos em 38 linhas, 491 estações e uma frota de 3919 carros;

- Entre 2011 e 2012 também não houve investimentos significativos na acessibilidade do cidadão. Se for considerada a linha Sul do metrô de Fortaleza, inaugurada em junho/2012, verifica-se que apenas essa nova linha entrou em operação, com suas 20 estações e mais 4 estações foram inauguradas em outras linhas existentes;

- Apesar do aumento da rede de 3,2% em 2012, o consumo energético permaneceu praticamente o mesmo de 2011 (1,8 GWH), representando cerca de 0,5% do consumo total energético do País – isso demonstra um claro esforço do setor para aumentar sua eficiência energética. Diversas operadoras investiram na modernização de seus sistemas e de sua frota;

- Para efeito de comparação, considerando os padrões dos diversos sistemas de transporte no mundo, os sistemas sobre trilhos chegam a emitir cerca de 60% menos gases de efeito estufa (GEE) que os automóveis e 40% menos que os ônibus;

A seguir é apresentada a lista de projetos com potencialidade de serem conluídos até 2018:


VLT de Brasília e monotrilhos de Manaus e São Paulo não serão mais prioridades para Copa

VLT’s de Cuiabá e Fortaleza ainda enfrentam problemas com Ministério Público, Justiça Federal e desapropriações, segundo a ANPTrilhos.
Por: Bruna Yunes

Dos cinco projetos prioritários apresentados pelo governo para a Copa do Mundo, relacionados a mobilidade sobre trilhos, três foram retirados da matriz de responsabilidade e não ficarão prontos até o evento em 2014. São eles: o VLT de Brasília (DF) e os monotrilhos de Manaus (AM) e São Paulo – Linha 17 (SP).

Os outros dois, os VLT’s de Cuiabá (MT) e Fortaleza (CE), enfrentam problemas com o Ministério Público, Justiça Federal e, o segundo, com desapropriações de áreas essências para a passagem da via. Segundo o presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores, é pouco provável também que essas obras fiquem prontas até a Copa. “Estamos perdendo a oportunidade de deixar um legado para essas cidades”, lamentou.

Flores afirmou que as cidades terão “dificuldades momentâneas” por não possuírem a infraestrutura adequada para receber os turistas no evento esportivo, mas que isso não afetará muito o andamento da competição. “As cidades maiores, as capitais, já estão estruturadas e não terão problemas. Nas cidades menores, o risco é menor pela cidade não ser tão grande assim.”

Para o presidente da ANPTrilhos, mesmo fora do prazo, os projetos não devem ser abandonados. ”O maior legado que ficará para as cidades que sediarão esse jogos é a infraestrutura de mobilidade que será usufruída pela população por décadas.”

Ele citou a cidade de Barcelona, na Espanha, que sediou os Jogos Olímpicos de 1992, como exemplo de legado de obras de mobilidade urbana sobre trilhos. O sistema metroviário de Barcelona atualmente tem 113 km, dividido em 11 linhas atendendo 148 estações. E também Londres, na Inglaterra, que depois de receber os jogos no ano passado aumentou a capacidade de transporte de passageiros sobre trilhos, transportando 4 milhões de passageiros da estimada população de 9 milhões de habitantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário