quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A volta dos passageiros

Correio Braziliense - 08/01/2013

O transporte ferroviário regional de passageiros também pode voltar aos trilhos. A privatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), na década de 1990, praticamente extinguiu essa modalidade, concentrando os negócios na condução de cargas. Atualmente, apenas 855 quilômetros dos 28 mil quilômetros da malha existente são destinados ao turismo, como as linhas que ligam São João Del Rei a Tiradentes e Ouro Preto a Marinana, ambos em Minas Gerais, Curitiba a Paranaguá, no Paraná, e o bondinho do Corcovado, no Rio de Janeiro. Por elas passaram 2,3 milhões de pessoas em 2011.

Especialistas indicam que atualmente os trens regionais em todo o país levam cerca de 5 milhões de pessoas por ano. Na década de 1960, auge do setor, 100 milhões de viajantes se deslocavam por esse meio. Para intensificar esse modal, o diretor de Planejamento do Ministério dos Transportes, Francisco Costa, diz que o órgão identificou, em um levantamento feito em 2002, 64 projetos com potencial para a implementação de trajetos de até 200 quilômetros em cidades com mais de 100 mil habitantes.

Dos projetos identificados, 16 foram selecionados e nove estão com seus estudos em curso, entre eles os trechos: Londrina-Maringá (PR); Bento Gonçalves-Caxias do Sul (RS) e Belo Horizonte-Ouro Preto/Conselheiro Lafaiete, incluindo Sete Lagoas, Divinópolis e Brumadinho (MG). Outros quatro devem ser finalizados neste mês ou até abril: Pelotas-Rio Grande (RS), Salvador-Conceição da Feira-Alagoinhas (BA); Codó-Teresina-Altos (MA-PI) e São Luís-Itapecurú-Mirim (MA).

Os dados existentes são antigos e hoje o cenário mudou, afirma Francisco Costa. Por isso, “pretendemos fazer licitação para contratar estudo mais abrangente, utilizando técnicas modernas para estabelecer o potencial do trem regional de forma ampla”, afirma o diretor. Para ele, o trem regional tem que ser encarado como mais um elo do transporte.

No Centro-Oeste, por exemplo, dois dos cinco trechos considerados viáveis terão seus estudos de viabilidade executados este ano. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pretende licitar projeto para os ramais de Brasília a Goiânia e de Brasília a Luziânia. A expectativa é que os contratos sejam assinados até março.

Mobilidade urbana
Os projetos de trens regionais estão aguçando o apetite da indústria que aposta na retomada do crescimento em 2013, já que, no ano passado, o faturamento do setor “andou de lado”, passando de R$ 4,2 bilhões em 2011 para R$ 4,3 bilhões em 2012, conforme estimativas da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). “Há oportunidades também nos projetos de mobilidade urbana nas capitais em que serão realizados os jogos da Copa do Mundo de 2014”, avalia o presidente da Abifer, Vicente Abate.

Uma das vantagens do transporte ferroviário regional e urbano é a durabilidade. “Ele pode ser mais caro no início, mas a manutenção é mais barata porque é diluída com o tempo. Veja o metrô de São Paulo. Os primeiros carros estão sendo reformados agora, quase 40 anos depois”, destaca Abate. No caso dos trens elétricos e metrô, há fatores ainda mais positivos como o baixo índice de emissões de CO² e o fato de tirar centenas de ônibus das ruas, desafogando o trânsito.

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