quarta-feira, 15 de março de 2017

Juiz cita reajuste de 1100% na Linha 4 do RJ: 'Enorme volume de dinheiro público que, em tese, teria sido desviado'

Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, decretou prisão de Heitor Lopes Junior e Luiz Carlos Velloso. Organização era liderada por Cabral, diz magistrado.


Por Gabriel Barreira, G1 Rio
14/03/2017 15h29  Atualizado há 1 hora
Suspeitos de participar de esquema de propina nas obras do metrô do RJ são presos

As obras da Linha 4 do Metrô do Rio custaram cerca de 1.100% a mais do que o previsto em 1998, quando foi orçada pela primeira vez. A disparidade entre os números causou espanto no juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, autor da decretação da prisão de Heitor Lopes de Sousa Junior, e o atual subsecretário de Turismo do estado e ex-subsecretário de Transportes, Luiz Carlos Velloso.

A dupla foi presa nesta terça-feira (14). Os dois são acusados de lavagem de dinheiro e corrupção nas obras de expansão do Metrô de Ipanema até a Barra. Na decisão judicial, em que volta a apontar o ex-governador do Rio Sérgio Cabral na liderança da organização criminosa, Bretas afirma que a diferença entre o valor orçado e o valor pago quase 10 anos depois pode dar conta dos recursos desviados.

"Chama a atenção o fato de o custo da construção do Metrô ter sido originalmente orçado em R$ 880.079.295,18 em 1998 e ter sido reajustado para R$ 9.643.697.011,65, o que por si só dá conta do enorme volume de dinheiro público que, em tese, teria sido desviado pelos agentes públicos investigados a partir da referida obra", escreve o magistrado.

O valor original, reajustado pelo IPCA, seria de R$ 2.876.584.148. Ou seja, quase R$ 7 bilhões abaixo do valor pago pelo poder público.

Bretas cita ainda a relação entre empreiteiras e o poder público que, de acordo com denúncia apresentada pelo MPF, teria evidenciado "a existência de esquema de cartelização de empreiteiras com relação a importantes obras executadas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro".

Desdobramento da Lava Jato no Rio, a ação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) investiga corrupção e pagamento de propina em contratos da Linha 4 do metrô. Lopes e Velloso vão responder por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo o acordo de leniência de executivos da Carioca Engenharia, o esquema de corrupção que existia na Secretaria de Estado de Obras do RJ, com a cobrança de propina das empreiteiras envolvidas em contratos bilionários de obras civis – revelado em operações anteriores da Lava Jato –, também se repetia na Secretaria de Estado de Transporte.

As obras da Linha 4 custaram cerca de R$ 10 bilhões e a inauguração foi pouco antes da Olimpíada do Rio. O trajeto liga Ipanema, na Zona Sul, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Além da Carioca Engenharia, outras duas grandes contrutoras formavam o Consórcio Rio Barra, responsável por parte da obra: a Odebrecht e a Queiroz Galvão.


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