sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ligação mais ágil com o Entorno

Autor(es): ALMIRO MARCOS
Correio Braziliense - 26/12/2012

Edital de seleção da empresa que vai elaborar o estudo de viabilidade do projeto que prevê o transporte de passageiros por meio dos trilhos sai esta semana

Está marcada para amanhã a publicação, no Diário Oficial da União, do edital de contratação de uma empresa para fazer o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) de implantação da ligação ferroviária — por meio de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) — entre Brasília e Luziânia. O projeto está sob responsabilidade da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). A intenção é adaptar os trilhos já existentes, hoje utilizado apenas para cargas, ao transporte de passageiros, fazendo assim a ligação da Rodoferroviária ao centro da cidade do Entorno sul.

O lançamento da concorrência é o primeiro passo efetivo desde a assinatura de um acordo, em 15 de dezembro do ano passado, entre os ministério dos Transportes, da Integração Nacional, o Governo do Distrito Federal, o governo de Goiás, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Sudeco. À época, a expectativa era de que o EVTEA fosse contratado em poucos meses, mas o prazo acabou se estendendo mais do que o programado. "O certo é que estamos dando andamento ao projeto. Não voltaremos atrás", garante o diretor-superintendente da Sudeco, Marcelo Dourado.

O estudo tem custo estimado entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, recursos da superintendência levantados a partir de emendas de parlamentares do DF no Congresso Nacional. É ele que vai apontar se a instalação do VLT é viável, além de determinar as adaptações necessárias e o modelo de exploração mais adequado. Entre as obras necessárias, estão a construção de estações e de cerca — sete quilômetros de trilhos — ligando a linha já existente ao centro de Luziânia.

Quanto à viabilidade, Marcelo Dourado diz não ter dúvidas. "Tenho dois estudos, um da ANTT e outro feito por um engenheiro particular, indicando que o projeto tem tudo para dar certo. Afinal, os trilhos já existem, estão em bom estado e só precisaremos fazer adaptações", diz. Hoje, a linha é explorada apenas para conduzir cargas pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), duas vezes ao dia. "O transporte de passageiros não vai inviabilizar o que já é feito atualmente", explica o superintendente.

Depois da publicação do edital, a previsão é que, de 30 a 40 dias, a empresa ganhadora seja conhecida. A elaboração do EVTEA deve ser concluída em seis ou oito meses. A expectativa é que entre setembro e outubro do próximo ano, ocorra o lançamento da concorrência relativa às obras. A previsão é que, ainda em 2013, o trabalho comece. O custo total está estimado em R$ 80 milhões. A obra poderá atender cerca de 600 mil pessoas, em especial moradores do Gama, de Santa Maria e de cidades goianas do Entorno sul (que inclui, além de Luziânia, Novo Gama, Cidade Ocidental e Valparaíso).

O interesse do GDF no projeto é evidente, já que, quando o trem estiver em funcionamento, muitos carros e ônibus deixarão de circular nas ruas da capital. Uma das vias que seriam beneficiadas é a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), principal eixo de Saída Sul. Projeções da ANTT indicam que o VLT pode retirar, por dia, cerca de 40 mil veículos do sistema viário. O próprio governador Agnelo Queiroz tem demonstrado interesse em investir em meios de transporte alternativos ao individual. Projetos locais têm incentivado corredores exclusivos de ônibus, ampliação do Metrô e criação de ciclovias.

Memória

Ideia antiga
A ideia de estabelecer uma ligação ferroviária para passageiros entre Brasília e Luziânia, por meio de trilhos já usados no transporte de carga, já é discutida há bastante tempo. Mas foi somente no primeiro governo Lula, em 2003, que o debate ganhou contornos de projeto. Em maio daquele ano, o governo federal anunciou que seriam feitos estudos de viabilidade no trecho e em várias outras regiões do país, como parte do Programa de Resgate do Transporte Ferroviário de Passageiros, ação do Plano Nacional de Revitalização de Ferrovias. Apesar de muita badalação em torno da notícia, a proposta não avançou por aqui e acabou engavetada. O assunto só foi retomado no ano passado, quando, em meados de dezembro, a Sudeco e os governos de Goiás e do DF assinaram um acordo.

Custo-benefício
Os veículos leves sobre trilhos (VLT) são muito populares na Europa para o transporte de passageiros em áreas urbanas. Eles têm a seu favor pontos como trânsito mais rápido — por circularem em trilhos específicos e sem concorrência com o transporte viário —, poluição mínima e capacidade maior de transporte de passageiros do que o sistema rodoviário. Em contrapartida, o custo de instalação é mais alto do que o tradicional. Os defensores dos VLTs garantem que, a médio e longo prazos, o custo-benefício é bem maior do que o investimento em ônibus.

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