sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Expresso Leste volta a funcionar em outubro


30/08/2016 - Diário de Mogi
Com problemas técnicos na linha 11-Coral, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) suspendeu as viagens do Expresso Leste com ligação direta entre as estações Luz, em São Paulo, e Estudantes, em Mogi das Cruzes. Desta forma, os passageiros, que antes tinham a possibilidade de fazer o percurso sem baldeação, têm de descer na zona leste da Capital para vir rumo ao Alto Tietê ou seguir para a região central paulistana.

Geraldo Rodrigues do Nascimento, de 64 anos, é diretor cultural em Suzano, mas mora em Mogi das Cruzes. Ele faz a viagem entre as duas cidades todos os dias. Sai de casa por volta das 6 horas e tem de enfrentar trem lotado e velho. “Antes eu saía de casa uma hora antes de entrar no trabalho, agora tenho que sair duas horas antes porque os trens, de manhã, estão parando toda hora. Nas composições, eles repetem sempre: ‘Estamos parados aguardando a movimentação do trem à frente’. O governador (Geraldo Alckmin/PSDB) disse que teríamos mais trens, mas, ao que parece, eles estão tirando. Antes, com os trens diretos, era tudo mais rápido”, afirmou à reportagem.

Gabriela Mendes, 22, estudante universitária, mora em São Paulo, porém, vem à Cidade todos os dias para ter aulas e diz enfrentar dificuldades em alguns momentos. “Tem dias que as viagens parecem intermináveis. Demoro mais de uma hora para sair de Itaquera e vir até Mogi em dias com problemas. A baldeação é outra coisa que irrita. Sempre enche a plataforma e é uma dificuldade ímpar para entrar no trem para Mogi. Com o Expresso ficava um pouco mais fácil”, relatou.

De fato, as viagens estão mais demoradas. O percurso entre Luz e Estudantes com o Expresso é feito em pouco mais de uma hora. Com a baldeação, o tempo ultrapassa uma hora e meia. Com os trens velhos, o ramal entre Guaianazes e Estudantes atinge os 45 minutos.

Os problemas técnicos ocorreram há três meses nas subestações de Itaquera e Calmon Viana, que alimentam com energia as composições. Sem contar com esses pontos vitais para abastecimento, os trens do Expresso restringem-se a circular entre Luz e Guaianazes e alguns novos fazem algumas viagens entre Guaianazes e Estudantes sendo necessária a baldeação.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil, Sônia Marques, explica que os problemas refletem uma espécie de “sucateamento” do transporte sobre trilhos nas regiões periféricas. “Para nós, esses problemas refletem um sucateamento do serviço ferroviário prestado pela CPTM. Isso, em resumo, antecede um processo de privatização. A gente sabe que o Governo usa desta artimanha quando deseja negociar alguma empresa. Tenta piorar a imagem dela diante da opinião pública. A verdade é que a CPTM passa por problemas e os passageiros sofrem grandes transtornos por causa deles”, disse a O Diário.

A versão de “sucateamento” é rebatida pela estatal em nota enviada ao jornal: “As obras de recuperação da subestação Calmon Viana, que sofreu curto-circuito após furto de cabos em abril deste ano, estão em andamento dentro do cronograma previsto. A conclusão está prevista para o final de outubro. Por conta dessa ocorrência, a CPTM adotou estratégia operacional diferenciada para continuar atendendo os usuários da Linha 11-Coral no trecho Guaianases-Estudantes com a mesma oferta de lugares. A operação está sendo realizada por quatro trens de seis carros (vagões) e quatro trens de oito carros (vagões), totalizando 56 carros (vagões). Antes da ocorrência na subestação, o atendimento era realizado por 9 trens de seis carros (vagões) no pico de manhã e 10 trens no vale e pico da tarde. Há suspensão temporária das viagens diretas do Expresso Leste, da Luz a Estudantes (sem necessidade de transferência entre trens em Guaianases). A Operação no trecho será normalizada e as viagens diretas do Expresso Leste serão restabelecidas em outubro, com a finalização da obra de recuperação da subestação de Calmon Viana”, informa.

Ainda segundo a CPTM, serão contratados estudos para viabilizar a extensão da Linha 12-Safira até Suzano, com cronograma a ser definido. “Já o serviço Expresso Leste será levado para Suzano após a execução das intervenções no plano de vias e das adequações necessárias para sua operação, obras que serão contratadas futuramente. A CPTM abriu licitação para contratação de projetos executivos visando à adequação de acessibilidade das estações das Linhas 11-Coral, incluindo Jundiapeba, Mogi, Braz Cubas e Estudantes; e 12-Safira. A CPTM também está recebendo 65 novas composições encomendadas. Neste ano, já colocou mais dois trens em operação na Linha 11-Coral Expresso Leste”, trouxe a nota.

Relato
Moro na zona leste de São Paulo, numa área vizinha ao Grande ABC, e faço o percurso pela linha férrea até Mogi das Cruzes há seis anos, desde que comecei a trabalhar em O Diário.

Pego o trem em Guaianazes com destino à estação central de Mogi. É um percurso de pouco mais de 27 quilômetros que, em tese, respeitando todas as oito paradas neste trecho, não passaria de 40 minutos. Aos sábados, dias de plantão no jornal, as viagens podem ultrapassar a uma hora. Mais dificuldades para trabalhar aos finais de semana.
Para os passageiros, o Expresso Leste faz toda a diferença. É perceptível a diferença de tempo entre os modelos antigos e os mais novos de composições.

Outra verdade é que as estações desta linha 11 – Coral também precisam se formatar conforme os novos tempos. Trens mais novos, às vezes, rodam neste ramal Guaianazes/Estudantes e há promessa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de que o Expresso Leste faça todos os horários nos próximos anos. É verdade que algumas estações, como Ferraz de Vasconcelos, Calmon Viana e Suzano foram reconstruídas, mas são evidentes as discrepâncias entre os modelos mais recentes de trens e as antigas estações no quesito espaço entre composições e plataformas. A altura é grande para que idosos e pessoas com mobilidade reduzida superem e desçam em Braz Cubas, por exemplo, o que demanda atenção especial da CPTM para as reformas das estações antigas de Mogi.

Como usuário do transporte ferroviário, acho que o serviço deixa a desejar, sobretudo, na questão do planejamento das partidas (totalmente desorganizadas quando falamos em baldeação – às vezes chegam três trens vindos da Luz em Guaianazes para um partindo rumo Estudantes resultando, claro, em superlotação), respeito aos horários e às manutenções sempre ressaltadas pela estatal, mas nunca observadas de fato por nós, passageiros. Passageiros que precisam conviver todos os dias com um sistema imprevisível.


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