quarta-feira, 14 de maio de 2014

Metrô: consórcio ainda não sabe causa de crateras













O GLOBO - RJ | RIO   14/05/2014

Equipe que investiga o que levou calçada a ceder em rua de Ipanema inclui até engenheiros estrangeiros

Fernanda Pontes

As causas do acidente que provocou a abertura de duas crateras na Rua Barão da Torre, em Ipanema, na madrugada de domingo, ainda não foram esclarecidas pelo Consórcio Linha 4 Sul do metrô. A passagem do tatuzão pelo local é uma das hipóteses que está sendo investigada pela equipe de engenheiros. Técnicos foram categóricos ao dizer que não há risco para a estrutura dos prédios. A previsão é que em uma semana os motivos do problema sejam conhecidos, e a perfuração, retomada.

Apesar da paralisação das escavações, o governo do estado garante que as obras para a implantação da Linha 4 continuam e que o cronograma será mantido para a inauguração antes das Olimpíadas de 2016.

- Não há risco para as edificações, nem para a saúde das pessoas - disse o chefe da Casa Civil, Leonardo Espíndola. - O governo do estado reafirma o compromisso de entrega das obras da Linha 4 do metrô. O projeto não sofrerá atrasos, e a previsão continua sendo o primeiro semestre de 2016. É um compromisso olímpico.

A equipe envolvida na investigação das causas do acidente inclui a presença de engenheiros estrangeiros e evita descartar qualquer possibilidade. O que se sabe até agora é que o tatuzão, que tem 123 metros de comprimento, já havia escavado um trecho de 400 metros sob a Barão da Torre, segundo o engenheiro Aloísio Coutinho, do consórcio. Os buracos tinham cerca de 16 metros quadrados cada um.

O aparelho se encontra num momento de transição da rocha para a areia e está a 18 metros de profundidade. Apesar disso, Aloísio assegura que o equipamento, importado da Alemanha, utiliza a técnica mais segura para a obra do metrô em áreas populosas. Ele descartou a possibilidade de mudança da forma de escavação:

- Essa obra foi muito estudada. Utilizamos a metodologia mais adequada. No Rio, há rocha e areia, e temos a convicção de que esse equipamento é a melhor solução técnica.


Obras do metrô são suspensas no Rio
11/05/2014 - O Estado de S. Paulo

A Defesa Civil do Rio de Janeiro determinou neste domingo a suspensão das obras de construção da Linha 4 do Metrô após o surgimento de duas crateras na rua Barão da Torre, em Ipanema, zona sul da cidade. As crateras apareceram na madrugada de domingo e provocaram pânico entre os moradores de prédios próximos do local. A interrupção das escavações do metrô foi determinada após reunião entre técnicos da prefeitura e do consórcio responsável pelas obras.

"Determinamos ao consórcio responsável a interrupção das escavações, até que sejam apresentadas as causas e garantias para o prosseguimento das obras", informou a Defesa Civil em sua página no Twitter. O comunicado foi publicado após questionamentos de uma moradora sobre a ocorrência. Por volta das 3h da madrugada deste domingo os moradores escutaram um barulho e relataram um forte cheiro de gás no trecho entre as ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Melo. As crateras provocaram rachadura nos prédios e guaritas de segurança, causando apreensão entre os moradores.

À tarde, após vistoria no local, o consórcio responsável pelas obras informou que não havia riscos de desabamento dos prédios. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros também avaliaram que não há dano estrutural nos edifícios em função das obras. As causas do afundamento do solo ainda não foram esclarecidas. Alguns moradores chegaram a abandonar os prédios e foram encaminhados a hotéis pelo consórcio, sob a justificativa de que os moradores estavam se sentindo inseguros. Após as vistorias, a Defesa Civil recomendou que os moradores retornassem às suas casas. O fornecimento de gás no local foi interrompido. À tarde, as crateras já haviam sido preenchidas com concreto.


Ainda sem diagnóstico

O GLOBO - RJ | RIO    12/05/2014

Especialistas dizem que estudos aprofundados devem ser feitos para avaliar se prédios do entorno podem ser afetados

Especialistas alertam para a possibilidade de haver novos afundamentos em Ipanema. E ressaltam que estudos mais aprofundados devem ser realizados nas obras da Linha 4 Sul para avaliar os riscos a prédios. Para o engenheiro civil Roberto Lozinsky, o afundamento da via pode ser consequência de mudanças no solo, provocadas ou não pelas obras do metrô:

- Se há um fluxo de água subterrâneo intenso, num dado momento, as paredes cedem. Como o solo é arenoso e a construção da Linha 4 é uma obra de grande porte, a abertura de uma cratera é uma possiblidade. Mas as rachaduras podem ser consequência de movimentação no solo - disse Lozinsky.

Segundo Antonio Eulalio, conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), a princípio, rachaduras não significam risco de desabamento. Ele ressalta, no entanto, que as fissuras dos edifícios devem ser monitoradas, para verificar se elas vão evoluir.

Moacyr Duarte, especializado em análise de acidentes e pesquisador da Coppe/UFRJ, também diz que o rompimento do solo em Ipanema pode ter sido causado tanto pelo impacto das obras, como, por exemplo, por um cano estourado:

- Por algum motivo, o suporte do solo saiu e ficou oco. Isso pode ter relação com as obras do metrô ou não. O importante, agora, é descobrir o que aconteceu e analisar, o mais rapidamente possível, as calçadas ao redor da obra, para ver se estão ocas também.

Já para o arquiteto Canagé Vilhena, o afundamento da calçada revela que há falhas na fiscalização, por parte tanto de quem realiza as obras e daqueles que as monitoram:

- Esse acidente poderia ter sido evitado com mais fiscalização.

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